quarta-feira, 30 de julho de 2014

De cabeça pra baixo

Esses dias, quando sai de casa vi uma cena que me chamou muito a atenção. Fiquei chocado. Durante a noite, mataram um mendigo e o deixaram ali. Provavelmente um bando de jovens sem nada pra fazer e alcoolizados tiraram a vida daquele pobre homem e se foram. Eu sei que isso acontece todos os dias em todos os lugares, mas essa foi uma daquelas coisas que me deixou um tempão pensando depois. Não preciso te dizer que o mundo está ruim pra que você descubra isso. E dizer que ele esta ruim também não vai melhorá-lo, mas há algo que pode ser feito.
Quando Jesus esteve aqui na Terra, Ele tinha alguns amigos. Antes de se tornarem amigos de Jesus eles já viam como o mundo era mal, já viam a desigualdade, sofrimento e miséria, mas não podiam fazer nada a respeito. Então entra em cena Alguém que estava revolucionando o mundo. Por onde quer que Ele passasse o ambiente mudava e qualquer um que conversasse com Ele, saia dali no mínimo coçando a cabeça, confuso.
Rapidamente todos os que queriam mudar o mundo eram atraídos por Jesus. Aqui vai a dica de hoje: se você quer mudar o mundo, fique no time certo. Encontre as pessoas certas e se cerque delas. Nunca vai transformar o mundo cercado de pessoas que não querem o mesmo que você. Por outro lado, com a motivação certa você é capaz de fazer tudo. Aliás, o “Ouça-me” também tem esse objetivo – unir pessoas no mesmo propósito, se você tem um amigo que acredita que também pode nos ajudar, compartilhe com ele.
Ok, eles estavam bem-intencionados e não podiam fazer nada sozinhos, e quando encontraram Jesus, o que aconteceu? Bem, um tempo depois alguns deles estavam na casa de um tal de Jasom e foram presos por uma acusação. Você sabe do que eles eram acusados? A Bíblia diz que eles eram acusados de “virar o mundo de cabeça para baixo” (Atos 17:6b).
Viraram o mundo de cabeça pra baixo! Eu bem que gostaria de fazer isso e você? Imagine transformar o mundo a esse ponto. Por onde quer que eles passassem, não tinha como sua presença não ser notada. Se você quer transformar o mundo, ou de repente só sua casa, sua escola ou sua sala de aula positivamente, junte-se ao time de Jasom, os amigos de Jesus.


Quando eu era adolescente, tive um colega que quase se matou. Ninguém falava com ele, ninguém se importava com ele, ninguém sequer notava a presença dele. Como eu não era o senhor popularidade, ele tentou ser meu amigo. Com o tempo nos tornamos bem amigos, mas me contou algumas coisas também. Ele me contou como sua família passava por problemas. Ninguém nunca se importou em saber aquilo. Eu mesmo só fiquei sabendo depois de muito tempo. Você já pensou que, talvez, a pessoa que se senta ao seu lado todos os dias na escola pode estar passando por problemas graves que nunca contou a ninguém? Sabia que essa pessoa que está perto de você agora pode precisar muito de sua ajuda? Esses dias várias rádios fizeram um projeto bem interessante. Elas interromperam a programação todas ao mesmo tempo e falaram para todos os que estivessem ouvindo nos carros abaixar os vidros, olhar para o carro ao lado e sorrir para quem estivesse ali. O resultado foi fantástico. Uma outra galera do bem, recentemente tem ido todas as sextas-feiras para a Paulista, sentado-se ali e colocado uma placa “Desabafe”. Centenas de pessoas são ouvidas todas as semanas. Muitas choram. Ninguém mais as ouve. Já pensou que uma daquelas pode ser seu pai, sua mãe, irmã ou amigo?
Sabe de uma coisa? Podemos fazer muito se quisermos. A maior parte daquelas pessoas estudou menos do que eu e você, mas transformou o mundo de sua época. Você já pensou em quantas pessoas eu, você e um monte de gente podemos ajudar a transformar a vida? 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Você é feliz?

Como esse espaço há muito já estava parado, decidi postar um pouco de algo que fiz no começo do ano na forma de áudio. Com algumas adaptações, teremos um outro olhar sobre coisas que mudaram a minha vida. Espero que gostem.
Vamos lá então?

Você é feliz? Sei que essa é uma pergunta muito ousada pra se começar, mas gostaria que você fosse sincero. Você é feliz?
Enquanto você pensa, deixe-me falar sobre um amigo meu. Como não pedi permissão, não vou citar o nome dele, então vamos chama-lo de Sr. X.
Quando conheci o Sr. X eu era só um adolescente e ele já era um adulto. Eu admirava muito ele por ser um dos lideres de jovens em um clube da igreja que eu frequentava aos domingos. Além de ser um dos melhores líderes, o Sr. X tinha um carrão, era divertido e namorava a garota mais bonita do clube. Ele era “o cara”. Quando ele saiu do clube todos choraram e ficaram decepcionados, afinal ele era o Sr. X. O tempo passou e agora eu não era mais um adolescente. Eu estava para me formar na faculdade e enviei meu convite eletrônico da formatura para o Sr. X. Ele imediatamente respondeu-me inbox e foi quando voltamos a conversar. Agora ele não era mais “o cara”. Na verdade, ele agora tinha dois carrões ao invés de um, estava para se casar com uma garota ainda mais bonita e inteligente que a outra (e essa o amava de verdade) e não só era líder de um monte de adolescentes, mas tinha sua própria empresa em casa.
O problema é que o Sr. X não era mais o mesmo. Ele se sentia confuso e infeliz. Não conseguia tomar decisões simples e qualquer mudança era muito dolorosa para ele. Naquele dia confirmei que pra muita gente, a vida é como comer chocolate. Você come e fica feliz. Vai no topo. Mas quando o efeito passa o efeito o resultado é desastroso. Por isso não perguntei se você é alegre. Quero saber se você é feliz. Alegria é diferente de felicidade. Alegria vem de ganhar presentes, tirar 10 nas provas ou beijar alguém. Felicidade não. Felicidade pode ser sentida sem presentes, com um 6 na prova ou sendo “bv”. Alegria é um sentimento, felicidade é uma decisão. O Sr. X tinha tudo o que muita gente acha que se tivesse seria feliz, mas ele era infeliz. Conheço muita gente que não tem nada – literalmente – e é feliz.


Quem é feliz, encara o mundo diferente. Quem é feliz, enxerga nas dificuldades uma motivação para vencer. Olha para o copo pela metade e diz que está meio cheio, não meio vazio. Quem é feliz pode até ser pobre, mas vai ser o pobre mais rico do mundo. Você sabia que na Bíblia, o mandamento mais importante que existe é “ser feliz”? Se Jesus fosse convidado pra falar pra nós hoje, talvez o assunto que Ele escolheria seria a felicidade. O lugar pra onde Deus quer nos levar é um lugar de gente feliz. Quem é feliz, é feliz mesmo quando não vê muitas perspectivas ou quando parece que tudo vai dar errado, porque quem é feliz, sabe que no fim tudo vai dar certo. Quem é feliz é feliz. E você, já é feliz?

terça-feira, 22 de julho de 2014

Sob os holofotes

“Mas importa que Ele cresça e que eu diminua.” (João 3:30)
O público espera expectante. Todos os assentos estão ocupados. Os ingressos foram comprados antecipadamente. Ninguém queria perder a aparição do seu grande ídolo.
A abertura acontece, a cortina se abre e um único holofote ilumina o solitário microfone ao centro. O efeito mágico do gelo seco precede a grande entrada do esperado artista que se apresenta como se ali estivessem sua futura esposa e o presidente da República, mas ao mesmo tempo como se não houvesse ninguém ali.
Mas espere. Há uma multidão de fãs gritando e delirando, como pode ter a sensação de não ter ninguém ali? Apesar dos gritos histéricos da plateia, ele não consegue ver nenhum daqueles maquiados rostos que ali estão.
Acontece que, para ser visto naquela glamourosa noite tudo foi milimetricamente projetado. O som, as luzes e... Os holofotes. Os holofotes que agora iluminam o espetáculo cumpre bem o papel de mostrar quem é o rei, quem é a atração, quem é o ídolo. Mas acaba por esconder toda a eufórica plateia que o serve. Ele disfarça olhando para frente, fixando o olhar no nada, no além, no infinito, para que não percebam que ele não consegue ver aquela mulher que tem seu nome tatuado no braço esquerdo ou aquela outra que esperou dias para comprar o ingresso ou ainda aquela que deu seu nome ao terceiro filho por amá-lo.
O brilho que o ilumina ofusca todos ao seu redor. Enquanto ele estiver sob os holofotes não será capaz de ver com quem está falando, muito menos de relacionar-se com elas.


Essa história se repete a cada espetáculo, a cada apresentação, a cada post no Facebook  a cada tentativa de provar o quão brilhantes somos.
Quantas vezes nos colocamos sob os holofotes do sucesso, da popularidade, das curtidas e do status apenas para sermos vistos?!
Vamos para a batalha e ficamos esperando que as mocinhas da corte nos recebam cantando dos milhares que matamos. Doamos e ficamos esperando os flashs e aplausos. Sim, você merece ser reconhecido. Você merece as palmas, mas ainda consegue ver quem está por trás dessas mãos que se tocam rapidamente por você?
Ao olhar para frente consegue ainda ver com quem está falando ou tudo o que vê é uma luz muito forte e brilhante que te mostra onde você chegou?
Um grande homem, acostumado com os aplausos, acabou tornando-se cego para entender o quanto os holofotes ofuscavam sua visão. Enxergava as pessoas como números e contabilizava cada vitória como sendo mais uma. Voltando para casa em seu cavalo comemorava a morte de dezenas de desconhecidos. O nome deles não importava. Quanto menos nomes sabemos, mais o nosso se destaca, pensava ele. Mas ao cair do cavalo, ao descer do palco, aos se apagarem os holofotes, quando entendeu quem de fato era não teve outra opção a não ser declarar: “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus”.
Os holofotes celestiais foram também desligados quando o Maior, o mais Poderoso, o Líder e Dono de todas as coisas se fez Servo e disse: “vocês estão discutindo pra saber quem é o maior? Eu sou o Maior e vejam onde estou: abaixado lavando os pés de vocês”.

Sim, Ele preferiu relacionar-se do que brilhar. Com os holofotes em seu rosto, sua visão seria impedida e Ele não poderia ver com quem estava falando, muito menos relacionar-se com as pessoas. Chamar cada uma pelo nome ao invés de ter seu nome escrito entre as estrelas. Andar nas ruas empoeiradas no lugar de deixar suas pegadas na calçada da fama. Ele não queria os holofotes, mas preferiu ser a Luz.

domingo, 22 de dezembro de 2013

A manjedoura no Palácio - Um Outro Olhar

Inaugurada há alguns dias, com seu brilho e tamanho colossal, durante os próximos dias ela continuará atraindo milhares de famílias e casais de namorados semanalmente. Com seus 58m de altura, supera mesmo o Cristo Redentor. Tradicionalmente São Paulo sedia essa gigante árvore de natal no Ibirapuera e torna-se ponto turístico. Para aqueles que querem mais do que uma foto, poucos metros dali encontram-se as belíssimas fontes iluminadas, onde água, luzes e música formam um clima e ambiente perfeito para casais de namorados – milhares deles – e famílias que ali ficam. Durante o show de luzes dá até para ver o rosto do bom velhinho, que faz questão de aparecer para lembrar todos porque estão ali.

Mas há algo mais ali. Ninguém quer fotografar. Muitos não veem. A maioria prefere não ver. Ao menos duas coisas se perderam em meio ao glamour e beleza do lugar. Todos os que deixam seus carros nas proximidades são obrigados a passar em frente ao Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa de São Paulo. O longo passeio que leva os pedestres até o ponto brilhante é abruptamente interrompido por um acampamento ali existente. Os mais descuidados acabam por descobrir-se lá dentro e têm de voltar. Manifestantes estão acampados em frente ao Palácio para relembrar da manjedoura. Sei que não existe a forma certa de fazer a coisa errada, mas talvez ali esteja um bom exemplo de como fazer a coisa certa de maneira errada. Algumas poucas crianças que ainda não foram completamente alienadas perguntam aos pais o que é aquilo, o que são aquelas pessoas. O que? Quais? Quem? Seus pais haviam passado e não perceberam a presença daqueles seres invisíveis que ali estavam. Alguns atravessam a rua para que suas crianças não vejam aquilo que obstrui o caminho.

A revolta dessas pessoas apagadas é o custo de todo aquele brilho. A estrela sob o palácio parece estar no lugar errado e muitos têm sido conduzidos para lá, enganados em sua própria sabedoria. As pessoas que estão ali procuraram um lugar para morar, ou mesmo para se hospedar por um tempo, mas não encontraram, ninguém ofereceu a elas abrigo, por isso estão ali, cercadas de animais. Enquanto todos festejam e se alegram, eles sequer são notados. Não somente os turistas os ignoram, mas os de casa também os rejeitaram. Ali estão eles como uma amostra dos milhares de seres invisíveis perdidos no meio da multidão. Eles estão à margem literal, representando dezenas de centenas de marginalizados emocionais. Crianças e velhos, homens e mulheres, todos olhando para a estrela errada. Seja à margem da sociedade ou à margem do rio cheio de luzes e brilho, há muita gente vazia. Muita gente procurando no palácio quem está na manjedoura e olhando na manjedoura à procura do Rei. Não estou tão preocupado com o santo que patrocinou a árvore, mas me preocupa muito quando ela é capaz de criar uma realidade paralela desviando a atenção do que realmente importa para outras coisas unicamente por sua grandeza e glamour.

As pessoas ali esperam ansiosas pela visita de alguém que seja guiado pela estrela certa ou que ouça a música correta, indicando o Motivo de toda a festa. Esperam por alguém que não dê somente presentes àqueles que podem retribuir à altura, mas àqueles que nada tem. Infelizmente, os melhores presentes estão indo para o lugar errado. Um bebê chora ali acampado com fome. Ninguém percebe. Ocupados com a festa de natal, todos ignoram a existência de pessoas que não estão cercadas de luzes de vidro e presentes da China.

Como disse, ao menos duas coisas se perderam em meio ao brilho e fama do lugar.


"sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim."

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

"fez-se surdo"


Não sei se já é tarde ou se ainda dá tempo, mas gostaria de compartilhar um outro olhar antes do natal, ano novo e até mesmo antes do post comemorativo do fim do mundo [sic!].
Esses dias, fazendo minha leitura do #rpsp, deparei-me com uma atitude bastante rara da parte de Saul assim que foi ungido e aclamado rei e aquilo chocou-me bastante, já havia lido antes, mas aquela curta frase ainda não havia me impactado tanto. Por isso gostaria de compartilhar o que aprendi.
O texto de terça-feira, caso você ainda não esteja acompanhando o #rpsp, foi o de 1 Samuel 10, e o verso que tanto chamou minha atenção foi o último, ou seja, o 27. As palavras quase que saltaram diante de mim ao ler que Saul “se fez como surdo” (ARA). Não sei como a NTLH deixou isso de fora, já que, pelo menos para mim, esse foi o ato mais heroico de Saul ao longo do capítulo.
Você conhece a história. O governo de Israel era administrado em nome e pela autoridade de Deus e de tempos em tempos homens inspirados por Deus eram enviados para instruírem o povo, e guiá-lo na execução das leis. Entretanto, o contato com outros povos levou Israel a pedir um rei. Não mais queriam um governo teocrata, queriam que um rei os governasse, independente das implicações que isso trouxesse.
Deus então atende ao pedido do povo e lhes permite ter um rei, mas faz questão de fazer claras as consequências de um rei no comando. O rei é escolhido. Saul, membro da tribo de Benjamim, um dos menores e mais sem importância clãs de Israel. De maneira bastante peculiar Deus atende o pedido do povo, dá a eles um homem que se destacava (dos ombros pra cima se sobressaia em altura), mas também impressiona em Sua escolha improvável.
Vários líderes do povo já tinham suas preferências. Alguns pensavam em eleger seus próprios candidatos que julgavam ser os melhores, mas Deus declara que o novo rei seria aquele jovem que foi capaz de deixar fugir as jumentas de seu pai e agora estava escondido no meio das bagagens por medo! Que escolha, não?!
Não seria de admirar que, apesar de sua formosura e altura, o novo rei não agradasse a todos e assim o foi. Justamente os mesmos que pediram a Deus um rei estavam agora a reclamar. Enquanto que o restante do povo comemorava em vivas, os chamados filhos de Belial consideravam: “Como pode este homem nos livrar?” e o desprezaram. Ah, e não lhe trouxeram presentes.
Finalmente chegamos ao ponto de minhas considerações. Saul era jovem, estava com medo, escondido no meio das malas, sentia o peso que recairia sobre ele, não teve apoio total, sentiu o desprezo de muitos e ainda não recebeu os presentes dignos de um novo rei daqueles que tanto queriam um rei. Pobre Saul. Lembro-me de situações bastante semelhantes na vida de algumas pessoas bem próximas a mim e quase que consigo rever a tristeza em seus olhos por tais circunstancias. Acabo de me perguntar o que eu faria em tal situação e fiquei num tremendo dilema. Não sei se ficaria muito triste a ponto de renunciar o cargo ou se me cercaria daqueles que me apoiaram para acabar com todos os dissidentes.
Bem, não importa muito o que eu faria já que a história em questão é a de Saul. E o que ele fez? Bem, a NVI, VIVA e outras dizem apenas que ele ficou calado. Mas a ARA destaca um ponto muito mais importante, aliás ponto esse que, como disse, penso ter sido o ato mais heroico de Saul. É-nos dito que o jovem rei “se fez como surdo”. Os filhos de Belial não trouxeram-lhe presentes, mas quem precisa de presentes?! Não gritaram vivas, mas que diferença isso faria? Disseram que ele não seria capaz, então Saul se fez surdo. Lembro-me de todas as vezes na minha infância em que, ao ser provocado por alguém que quisesse me irritar, tapava meus ouvidos com as mãos e ficava cantarolando (como se resolvesse) para não ouvir nada.
Há uma série de lendas, com uma série de animais (já ouvi com tartarugas na corrida, formigas no pote de açúcar...) que ilustram bem essa atitude, mas prefiro usar uma história real e que não desprestigia nenhum animalzinho por sua surdez. Ainda ontem ganhamos uma suculenta jaca (suculenta para quem gosta, claro). Minha esposa amou, pois ela gosta muito de jaca. Fato é que há menos de uma semana tivemos a oportunidade de colher algumas jacas e não o fizemos porque nos disseram: “não está em época de jaca, devem estar duras”. Assim, voltamos para casa e nos contentamos com as mangas colhidas. Nenhum de nós questionou o fato de estar ou não em época de jaca, afinal, se não está não está.
Somente ontem fiquei me perguntando: “de onde ele tirou essa jaca? Não estamos em época de jacas”. Acho que ninguém chegou a tempo de avisar nosso vizinho que não estamos em época de jaca e, por isso, ele trouxe várias delas bem ao ponto.
Acho que eu, a formiga surda, ou tartaruga, que seja, revisamos uma lição bastante interessante compartilhada por Saul. Muitas vezes temos de nos fazer de surdos para as criticas e continuar andando. Muitas vezes temos de deixar de ouvir o que nos dizem e continuar procurando jacas maduras. Ou ainda, temos que continuar reinando apesar dos filhos de Belial. Já dizia Tertuliano que “Eles elogiam o que conhecem e criticam o que ignoram”. De maneira que muitos, “para que se pense que são sábios, criticam até o céu” (Fedro).
Claro, é preciso fazer uma pequena pausa e considerar que nem sempre faz bem fazer-se de surdo. Imagino que, se até hoje estivesse me fazendo de surdo para com as pessoas que me alertaram de que não sirvo para cantar, haveriam bem menos pessoas na igreja hoje, e por culpa de minhas músicas! Há boas criticas e todos sabemos disso. Mas há um detalhe importante na história de Saul – ele estava certo de que Deus o havia chamado para reinar. Se Deus te chamou, para a sua obra realizar, não deves olhar para trás, não tenhas medo tudo preparado está. Se Deus te chamou para tal obra, não atente à voz dos filhos de Belial. Assim como Saul, faça-se de surdo e continue reinando, continue correndo, continue subindo, continue... colhendo jacas.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Esperar é sim saber!


Ah sim, a espera. Não, não somos treinados para esperar. Crescemos aprendendo a fazer a coisa acontecer. Tudo é muito rápido. Os “fat-foods” (sim, troquei fast por fat de propósito!), os instantâneos, o micro-ondas, e até a internet já se tornaram incapazes de acompanhar nosso ritmo acelerado e louco que não espera nada nem ninguém.

Enquanto escrevo esse breve ponto de vista meu e-mail está aberto, atento à qualquer nova correspondência eletrônica (imagine ter de esperar o carteiro!), o facebook me notifica alguma possível atualização e enquanto penso nas melhores palavras aproveito para trabalhar no meu TCC, além é claro de conversar sobre gastronomia com minha esposa. Estaria usando sms se as fronteiras da Tim não me impedissem. Assim é a vida hoje. Não há tempo para fazer uma coisa de cada vez e me pergunto até de onde você está tirando tempo para ler esse post.

Com tamanhas facilidades, tamanha velocidade e um matrix tomando conta do mundo, atrofiamos cada vez mais nossa capacidade de esperar. Não falo apenas de esperar a namorada ideal, o sapo que vai virar príncipe ou o emprego dos sonhos de Deus. Absolutamente! O que me preocupa é que não sabemos mais esperar por NADA! O download que não acaba, a internet que está lenta, o miojo que não fica pronto logo e o fim do mundo que nunca chega são apenas a ponta de um iceberg que não sabe mais como esperar o próximo metrô na plataforma.

Desculpe nobre Chico, mas
Esperar é sim saber
Quem sabe faz a hora
Enquanto espera acontecer

Já dizia Napoleão que "a impaciência é um grande obstáculo para o bom êxito." Sempre que não esperamos perdemos. O contrário da espera, que no português poderia ser o des-espero apenas nos faz sofrer. O menor dos prejuízos de quem não espera é a perda de sua saúde. Pior que a conta do hospital, do psicólogo e do asilo é a perda da família, dos amigos e da cabeça. A gastrite, a úlcera e o câncer não serão nada se comparados à felicidade perdida, à família perdida e à história esquecida. 

O Mestre por excelência aconselhou-nos mais de 2 mil anos atrás: “Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?”, “Será que com todas as preocupações juntas poderão acrescentar um único momento à vida de vocês?” (Mateus 6:27 – NVI e BV respectivamente). Ah, esperar. A espera é o que nos faz crescer, nos ensina a viver e nos mostra como confiar. Não seria quem hoje sou não fosse pelos anos que tive que esperar enquanto me tornava em quem sou. Sim, esperar é sim saber. Claro que a espera nem sempre (eu disse nem sempre) é cruzar os braços e ver a banda passar, nisso concordo com o Chico. Mas a espera é sem dúvida mais que uma oportunidade de ser feliz, a espera é uma escola. Paciência, coragem e fé são sinônimos que dão testemunho aos expectantes de nossa vida.

Esperança e paciência são precedentes para a perseverança que por fim traz a vitória. Desespero e impaciência, entretanto, nos levam a perder mesmo a musica da banda que passa cantando coisas de amor. Constantemente reclamando da banda nos esquecemos que também fazemos parte dela – talvez apenas tocando um pouco mais desafinadamente.

Tenho visto um enorme grupo de jovens cristãos espalhados Brasil a fora declarando ter escolhido esperar. Esses merecem nosso respeito e honra. Sim, esperar é uma escolha difícil, mas que vale à pena.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Black Friday



Foi só em 2010 que a antiga prática norte-americana de usar a quarta sexta-feira de novembro para vender “a rodo” online chegou ao Brasil.

A Black Friday tem suas raízes ligadas ao dia de Ação de Graças e, tanto aqui como no mundo norte-americano, tem a função de fomentar o consumismo desenfreado. Uma sexta-feira negra, mas cheia de brilho e glamour, além é claro de muito dinheiro.

Não importa quanto o produto custava, se é Black Friday pode ter até 80% off. E isso, os compradores adoram, afinal, quem não gosta de pagar menos do que o produto realmente vale? Quem não gosta de uma pechincha?

Lembro-me da primeira “Black Friday” conhecida pela história da humanidade. Era dia de pagamento, mas sem promoção. As contas seriam acertadas e o valor pago, mas o valor era extremamente alto e não havia como barganhar. Creio que nunca houve uma Friday tão Black como aquela, era a sexta mais escura já presenciada pela natureza.

Na vitrine estava a salvação da humanidade. O preço era altíssimo e não tinha desconto. Nada menos do que o valor exigido seria aceito como pagamento. 0%off. Apenas um homem tinha condições de pagar tão alto preço. O valor deveria ser real, aquela compra não poderia ser efetuada online, e, ao contrário dos atuais Black Friday’s, não havia uma infinidade de opções. Na verdade só haviam duas possibilidades: pegar ou largar, sem direito a reclamações ou trocas.

Consigo imaginar o motivo de tantas trevas. A natureza se lembrava de uma outra Friday onde a luz brilhou pela primeira vez para a humanidade. Naquela primeira Friday ouviu-se uma forte voz dizendo: “Terminei!” E agora ouvia-se a mesma voz, dessa vez trêmula, dizendo: “Terminei!” As mais brilhantes estrelas cantavam de alegria naquela primeira Friday, mas dessa vez não havia luz, tudo era densamente black. Mas com luz ou sem ela a negociação deveria ser feita. Antes que se ouvisse o fechamento da compra podemos ver o preço. Aquela cara compra custaria sangue, suor e lágrimas, mas para o Comprador valeria à pena.

“Está muito caro”, alguns diriam. “Não vale à pena”, concluiriam outros. Mas para o comprador, pagar aquele preço era uma missão, missão onde Ele não poderia falhar. Não havia como voltar para casa sem a transição efetuada. Suas vestes entram no pagamento, Ele as dá. Sangue é exigido, Ele dá sem hesitar. Sua dignidade é solicitada, sem pensar Ele entrega. Não importa o que custasse, Ele estaria disposto a pagar.

Por fim, a compra é feita. A única compra daquela Black Friday. Mas ao chegar em casa, Ele constata que veio com defeito. Seu pagamento foi completo, mas a mercadoria estava defeituosa. Ele não perde tempo relendo o contrato, conhecia bem as clausulas, e, mesmo que fosse permitido, Ele não exigiria devolução. Ele estava ciente quando comprou. Sabia que tinha defeito, sabia que era incompleto. Por isso comprou. Comprou a fim de consertar.

Hoje, Ele ainda está consertando. Não porque não tenha experiência ou seja lento para consertar, o que acontece é que constantemente o produto se quebra. Sem reclamar, Ele novamente conserta. Cada conserto é como um recomeço. Cada Friday Ele se lembra daquela perfeita sexta em que criou a mercadoria. Sim, Ele mesmo fez, Ele fabricou, mas perdeu. Com um leve sorriso de canto então Ele se lembra da segunda sexta, aquela da qual até aqui falamos. O dia da grande compra. O melhor negócio que Ele poderia ter feito. Aquela foi a compra perfeita, porque, mesmo que constantemente a mercadoria se quebre e Ele tenha que consertar, é isso o que Ele mais ama.

Pagou o preço não porque precisava de tal mercadoria. Pelo contrário, comprou porque a mercadoria precisava dEle.

Happy Light Friday to you que foi criado numa Friday de luz, se perdeu e então foi novamente comprado naquela Black Friday, sem descontos, sem pechincha e por um valor muito maior do que você imagina!