segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Despedidas - uma reflexão

Ano após ano a história tem se repetido.
O que de inicio era estranho já quase se tornou rotina. O tempo passa, as amizades se formam, o dia chega e a partida é certa.
A primeira despedida de que tenho lembrança foi em minha infância. Meus avós vieram de longe para nos visitar e passar alguns dias conosco. Cada dia era uma festa, afinal avós são avós! Presentes, agrados e histórias faziam parte do nosso dia a dia com os pais de nossos pais. Fantástico era acordar e saber que teria alguém com quem brincar e ir dormir ouvindo histórias fantásticas que não deviam ter fim.
Mas o tempo passou e o dia chegou. Em minha inocente infantilidade eu não entendi muito bem, mas sabia que algo estava acontecendo de incomum. As malas estavam feitas no corredor e meus pais não foram trabalhar. Sem dúvidas, algo estava errado.  Naquele dia ganhei bola, ganhei brinquedo, ouvi história. Mas nada diminuiu a dor da despedida e a que viria depois.
Depois dessa vieram outras. Alguns “até logo” e uns poucos “adeus”. Mas não me acostumo com elas. É fato, não consigo chorar, mas dói. Despedidas e despedidas. Acampamentos que acabam, amigos que se mudam e irmãos que perdem a vida, cada um uma história, mas o sentimento é o mesmo – falta algo!
Há muito, muito tempo houve também uma despedida. Uma triste despedida que parecia antecipada. O dia estava chegando e Ele já sabia disso, para evitar maiores sofrimentos Ele insistiu em falar sobre isso. Ah, as despedidas, como elas doem.
“Eu vou ficar com vocês por mais um tempo” – Ele começa – “Mas daqui mais um tempo não estarei mais com vocês”. Imagino o choque. Uma amizade, admiração e companheirismo de tão poucos anos, mas tão intensa, estava por terminar?
Sim, Eu vou partir. Eu vou partir, se eu não partir o Outro não pode vir, Eu preciso partir. Desapontados os 12 ficaram ao ouvir tão tristes palavras. Como pode? Por quê? Precisa? Como assim? O que faremos sem Ele? Quantas dúvidas sem respostas e quantas expectativas frustradas. “Nós tínhamos tantos planos...” Mas o dia chegou e a despedida era certa.
Quando me despedi de meus avós, com apenas quatro anos, não entendia de fato o que estava acontecendo. Não há dor na despedida em si (ás vezes até inclui presentes), mas há muita dor no que vem depois. Entendi o que de fato é uma despedida quando me despedi de meu irmão. O que veio depois foi a angústia – não o verei mais, nunca mais...
Os 12 devem ter ficado muito assustados e deprimidos com a notícia, e o Mestre então os diz: “Não fiquem tristes, podem confiar em Mim. Eu estou indo, mas é para preparar um lugar para vocês. E depois que eu for e tudo estiver pronto, eu vou voltar pra buscar vocês”. Que alivio! A despedida chegou, mas não para sempre. “Eu voltarei!”, disse Ele. “Eu vou buscar vocês pra ficar com vocês para sempre!”
Já há 5 anos que não vejo meus avós e outros 6 que não vejo meu irmão, mas a certeza de que os verei novamente existe. Os meus avós, ainda esse ano, meu irmão só Deus sabe o dia – mas o verei e isso vale.
Hoje, sempre que me despeço de alguém prefiro dizer até logo e não adeus. Despedidas doem, mas trazem um gostinho doce de saber que o reencontro acontecerá. Cristo se despediu, mas dizendo “até logo” e “Eu voltarei”. Saudades, sim dói muito, mas trazem também a vontade e a certeza do reencontro.
Então, até logo!

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