domingo, 30 de setembro de 2012

Facebook


Não sei exatamente qual a intenção do jovem Mark ao batizar sua rede social de Facebook. Diferente do Sr. Orkut, ele não quis chamar seu aplicativo de Zuckerberg. Não o culpo por isso!
Assim, desde sua criação, a rede tem atraído usuários a cada dia. Fico impressionado ao encontrar amigas contemporâneas de minha avó usando o Facebook e ainda mais espantado ao descobrir uma amiguinha que ainda nem sabe teclar enviando-me o convite para ser minha amiga virtual. Imediatamente pensei: O que ela vai postar? Quem irá curtir? Quão longa será sua timeline? Outras inquietações me vem quando ouço pessoas curtindo tudo. Ok, não me espanto mais que postem: “acabou o papel higienico, alguém traz pra mim?!”, mas o assustador é ver todos curtindo.
Olhando por um outro olhar, acho que consigo enxergar pelo menos dois grupos de usuários da rede. Não quero falar dos que usam mal a rede, então me deterei a esses dois grupos. Mark que me perdoe, mas tomarei a liberdade de chamá-los de FaceReaders e FaceWriters. Os primeiros tem uma tremenda facilidade em ler toda a página. Leem tudo de todos. Sabem tudo de todos. São pessoas de poucas palavras, mas que conseguem passar horas olhando e reolhando os perfis e postagens alheias. Leitores atentos das linhas e entrelinhas que estão atentos a todos os posts (e talvez tenham chego aqui dessa maneira!). Já o segundo grupo de users não tem tanta paciência. Pelo menos não para ficar revendo o que outros postaram. Esses tem verdadeiras maquinas nos dedos. Digitam 500 palavras por minuto enquanto tomam banho! Não faz muito, enquanto esperava o trem, vi uma moça assim. Todos os passageiros olhavam para ela não por sua aparência, mas pela agilidade em teclar em seu celular! Os FaceWriters, tendo muito ou pouco conteúdo cefálico em uso são capazes de encher o histórico de todos os seus amigos.
FaceReaders ou FaceWriters, todos temos uma timeline sendo escrita todos os dias. É bem verdade que nessa rede a maioria das publicações não é compartilhada em público, somente você pode ver! Não postamos tudo o que estamos pensando, mas cada passo é registrado na linha do tempo. Existe de fato um Book onde tudo está sendo registrado. Há registro do que você compartilha, do que você curte e até dos chats em off. Ali há mais do que imagens, vídeos e questões, ali está registrado o seu verdadeiro status. No histórico desse Book estão registradas ainda as solicitações de amizade aceitas e as recusadas (cf. Salmo 1) e as notificações que você recebeu.
Esse Book proverá informações para um outro, com muito mais faces, todas registradas. A Bíblia chama esse book apenas de The Books (Apocalipse 20:12a). Nesse livro tudo o que você curtiu, compartilhou, postou ou pensou está registrado. Além desse Apocalipse (20:12b) fala também de um outro, o Life’s Book ou o Livro da Vida. Ao abrirem-se esses livro, todos serão julgados. Não haverá livros fechados, todos serão abertos e os usuários serão julgados. Ao fazer login, o Juiz terá acesso a todos os perfis e pensamentos. “What’s on your mind?” fará sentido como nunca antes!
Ah, lembre-se, em consulta ao seu book não será visto apenas os Highlights ou aquilo que está em destaque, mas cada post, cada “no que você está pensando?”, tudo na sua timeline será considerado, quer seja bom quer seja mal, e até aquilo que estiver em oculto (ver Eclesiastes 12:13-14). Ali constará se você não é um usuário de muitas faces.
Mas você não precisa ficar com medo. Ao falar sobre os livros, Jesus disse que motivo de maior alegria do que pisar serpentes e escorpiões é ter o nome escrito “in the book” (Cf. Lucas 10:19-20). O problema então não é ter uma conta, um perfil no Livro. Na verdade todos têm.  Não é problema o fato de todos terem de to face o Juiz, o problema pode sim estar no que ali foi escrito e compartilhado.
Ainda hoje, você tem a chance de criar uma nova conta. Ter os posts apagados e receber uma timeline em branco. Um amigo me disse que se você excluir sua conta e recuperá-la, todas as informações estarão ali de novo, sem perda de informações. Mas você tem a oportunidade de recomeçar deixando para trás todos os dados. Você pode hoje fazer login com sua nova senha e descobrir que tudo o que até compartilhou, poluindo seu book, foi apagado e daqui pra frente pode compartilhar desse maravilhoso amor que te formatou.

Quando o Book for aberto e sua Face descoberta, que sentença será publicada?

Conserto o Concerto


Gosto muito de música (de música de verdade!) e sempre fiquei fascinado ao ver orquestras, bandas, corais e grupos interpretarem com tamanha harmonia.
Mas confesso que ver um grande coro não acontece todos os dias. Cerca de 500 cantores (80 crianças) e uns 50 instrumentistas juntos fazendo a mesma música. Que lindo, que fantástico! 500 vozes e 50 instrumentos unidos interpretando a mesma musica com harmonia sem igual.
Claro que essa harmonia não surgiu do acaso. Mesmo o bumbo, com seu “big boom” não é capaz de levar todos à beleza e perfeição que elevam nossas mentes. Como não é sempre que posso ouvir o grande coro se apresentar (e não é sempre que ele se apresenta também) decidimos chegar mais cedo e ouvir também o ensaio. Que desastre! Não sei se havia dois instrumentistas tocando a mesma coisa, mas acho que não. Cada um ia numa direção. Cada um tocava sua predileção enquanto o maestro corria atrás dos últimos detalhes antes da apresentação. A essa altura do ensaio eu já estava preocupado. Tudo o que conheço de regência são os binários, ternários e quaternários, e todo esse conhecimento não serviria com uma orquestra e banda (sim, juntos) desarmoniosa como aquela!
Felizmente, eu não era o regente! O regente tinha um pouco mais de 1,50m, mas isso não queria dizer nada. No meio da bagunça, enquanto cada um fazia uma coisa, aquele pequeno homem de cabelos brancos vai até o centro quase que de maneira imperceptível, pega a batuta e quando a levanta as 500 vozes se calam, os 50 instrumentos silenciam, todos atentos ao mover da ferramenta do regente.
O que veio em seguida foi toda a harmonia celestial que estava descrevendo no inicio de meu texto. Foi fantástico! Corais, grupos e conjuntos unidos, orquestra e banda tocando juntos, todos atentos aos movimentos do regente.
Quando vi o ensaio pensei: será que tem conserto pra todos esses desentoados? Mas agora eu mal conseguia pensar, pois o concerto estava maravilhoso. Que diferença fez naquela apresentação os ora enfáticos, ora suaves movimentos do regente. Um grupo sem harmonia se transformou num grande coro. A bagunça se transforma em paz. O barulho se torna música. Não há como descrever a obra do maestro.
Tenho ouvido muitos ensaios no dia a dia. Pequenas e grandes bandas que não conseguem encontrar um ponto em comum. Instrumentistas e músicos que não conseguem cantar a mesma musica no mesmo tom. O barulho de vidas que não tem direção nem sabem para onde querem ir. É triste ouvir esses ensaios. Os instrumentistas parecem saber tocar, os músicos parecem saber cantar, mas nada dá certo. Parece que falta algo na grande banda da vida.
São sinos que tocam com força, são ouvidas por todos, mas não tem harmonia. Violinos que tocam com classe, mas sem direção. O único piano, mal é ouvido em meio a tanto barulho. Sim, falta algo! Falta Alguém! Claro, o Maestro. Quando chega o Maestro, por vezes sem ser notado, o som muda, a música começa a acontecer, o concerto é consertado, a harmonia acontece e a melodia se torna clara.  Ao mover da batuta do Mestre, em movimentos ora mais enfáticos, ora mais suaves, a musica da vida vai tomando forma e se tornando bela. A bagunça vai embora.
“Sem Mim” – diz o Maestro – “vocês não podem fazer nada” (João 15:5, BV). Sem Mim, não há harmonia, sem Mim tudo vira bagunça, sem Mim ninguém entende nada. Mas COMIGO, sim COMIGO regendo sua vida se torna linda. Sua vida se torna bela e apreciada por todos.

Que tal deixa-lo reger sua canção?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

In God We Trust


Foi em 13 de novembro de 1861, quando a nova moeda americana estava para ser “reformatada” que o Rev. M.R. Watson enviou uma carta ao então secretário do tesouro com o seguinte apelo:
“Prezado Senhor,
Estás prestes a apresentar o seu relatório anual ao Congresso a respeito dos assuntos das finanças nacionais. Um fato tocante a nossa moeda até agora tem sido seriamente negligenciado. Quero dizer, o reconhecimento do Deus Todo-Poderoso, de alguma forma em nossas moedas” (tradução livre).
Assim o reverendo demonstrava sua preocupação em ter eternizado na moeda americana o nome de Deus. Um absurdo pedido, mas que seria atendido. Em 20 de novembro de 1861, ele tipou na moeda: “No nation can be strong except in the strength of God.” (Nenhuma nação pode ser forte a não ser pela força de Deus – tradução livre). Depois de vários ajustes, em 1864 o famoso In God We Trust aparece na moeda americana.
Não quero aqui discutir a união Igreja-Estado, mas a minha pergunta é: Nós AINDA confiamos em Deus? AINDA cremos que não há como ser forte sem a força de Deus. Talvez você não use o dólar e sim o real, que diz “Deus seja louvado” que traz a mesma ideia de lembrar-se do Criador e não se apoiar no dinheiro. Mas, de fato, nós AINDA cremos em Deus? A despeito de qualquer outra coisa, nós confiamos no Senhor?
Três jovens hebreus passaram por uma forte prova que dizia respeito especialmente quanto a sua adoração, mas também quanto a sua confiança em Deus. Por ordem do rei deveriam, ao som da música, adorar a estátua de ouro. Eles eram a minoria em uma terra estranha. Seu sangue nobre não contava muito ali, pois eram estrangeiros. Todas as circunstancias eram contrárias a seus princípios, mas eles AINDA criam em Deus!
A musica foi tocada, mas eles não entraram na dança. Com medo, muitos obedeceram ao rei, mas eles AINDA criam em Deus e não poderiam fazer o que lhes era pedido. Finalmente, foram levados ao rei e depois de receber a tentadora oportunidade de voltar atrás, declararam: “Pois, se o nosso Deus, a quem adoramos, quiser, Ele poderá nos salvar da fornalha e nos livrar do seu poder, ó rei. E mesmo que o nosso Deus não nos salve, o senhor pode ficar sabendo que não prestaremos culto ao seu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou fazer.” (Daniel 3.17-18, NTLH). Aconteça o que acontecer, disseram eles, em Deus nós confiamos. É verdade, sua confiança não estava apenas tipada numa moeda, mas esculpida em seus corações. Eles não confiavam no dinheiro, na posição, no status ou no poder do rei, mas no SENHOR que iria (ou não) livrá-los.
Aqueles jovens poderiam dizer “pois conheço Aquele em quem confio e tenho certeza de que Ele é capaz de guardar em segurança tudo quanto eu Lhe dei até o dia da sua volta” (2 Timóteo 1:12, BV). Os três amigos mostravam que, mesmo em terra estranha, no meio de um povo que não os conhecia, em circunstâncias desesperadoras, eles AINDA criam em Deus!
Isso é fantástico! Deus seria por eles adorado em suas transações comerciais, não seria por eles desapontado nas relações sociais, nem mesmo as mais duras provas poderiam tirar sua fé, pois eles não criam em algo ou alguém de personalidade duvidável, mas In God He Trust!
Mas e eu? Eu AINDA confio em Deus? AINDA é nEle que tenho depositado minha confiança, meus medos e sonhos? Será que não estou eu depositando minha confiança no dinheiro, nos amigos, nos contatos, na força bélica de meu país, na estabilidade que me envolve, na educação que tenho recebido? Se uma nação não pode ser forte a não ser pela força de Deus, como eu poderia?

In God We Trust! Or Do We?

Cristão Juggernaut


Nasci muito tarde para saber se a Marvel criou algo de realmente útil para as crianças. Assim, as poucas imagens que me restaram dos chamados “Heróis” tem mais que ver com mutantes que lutam para manter a audiência das crianças e juvenis do que para salvar o mundo.
Entre esses, estava um conhecido por poucos, o Juggernaut. Juggernaut ou o Fanático (uma tentativa aportuguesada de facilitar as coisas, sem se importar com a estética) era o meio irmão de Charles Xavier dos X-Men. Seu poder, diferente dos demais mutantes, não provinha de mutações, mas de algum tipo de magia roubada de um cristal. Era absolutamente invulnerável! Nenhum outro herói poderia derrotá-lo pela força. Um verdadeiro Juggernaut. Não importa que poderes o seu herói favorito tivesse, não seria capaz de vencer o Fanático.
Mas como acho que um vilão que sempre vence perderia a graça e diminuiria a audiência, a Marvel presenteou Juggernaut com uma única fraqueza. Nem o mais forte poderia derrotá-lo. Nem todo o grupo de X-Men juntos poderia vencê-lo. Sua força era invencível, mas sua mente poderia ser controlada. Bastante vantajoso para Charles Xavier, seu meio irmão que tinha poderes telepáticos! Claro, isso se o Fanático estivesse sem seu capacete que impedia o controle mental.
Conheço alguns cristãos assim! Jovens que conseguem ir em qualquer lugar sem ser influenciados pelo meio. Políticos bem sucedidos que são invulneráveis à corrupção. Homens de negócio que não aceitam propina nem presentes em troca de sua dignidade. Acho que posso chamá-los de SuperCristãos. Não faz muito tempo conheci um que entrava em sites de relacionamento adultos para alertar outros de que ali não era seu lugar. Ouvi de um que dizia ser capaz até de acessar conteúdos pornográficos sem ser levado à tentação e um outro que adquiriu o hábito de “pregar o Evangelho” em prostibulo!
Com todo respeito e admiração por esses, não sei se é muito vantajoso tornar-se um Juggernaut espiritual. Lembro-me de um herói da Bíblia que por pouco não se perdeu, por ser forte demais. Sansão, o Juggernaut. Esse era forte, mais que um leão. Invulnerável. Estava constantemente entre os inimigos filisteus, mas não se contaminava com eles. Poderia andar tranquilamente por qualquer lugar sem ser negativamente influenciado por seus moradores e costumes. Aliás, era tão forte que poderia até mesmo se casar com uma prostituta sem se contaminar com ela!
Sansão, o Juggernaut de Israel era um nazireu. Desde seu nascimento foi dedicado a Deus. Nunca deveria cortar o cabelo nem tomar bebidas fortes. Um anjo anunciou seu nascimento. Sim, Sansão era muito importante. Não só importante, mas também muito forte! Uma queixada de jumento era tudo o que ele precisava para matar mil homens. Por diversão ele amarrou raposas de duas em duas pelos rabos e colocou fogo nos rabos. Na pressa ele entrou na cidade levando consigo o pesado portão nas costas. Nada poderia vencer Sansão! Muitos tentaram matá-lo, mas sem sucesso. Afinal esse era Sansão, o invencível.
Mas, apesar de não ser um herói Marvel, Sansão também tinha sim uma fraqueza, tinha também seu calcanhar de Aquiles. Sansão nunca deveria revelar seu segredo, não poderia cortar o cabelo, sua mente não deveria ser subjugada a ninguém a não ser a Deus. Ah, o controle da mente! Dalila aprenderia como usar contra Sansão essa arte diabólica. O invencível e invulnerável herói estava por descobrir sua grande fraqueza!
SuperCristãos são levados facilmente à confiança em si mesmos. Por que me preocupar? Eu sempre venci essa tentação. Afinal é apenas um jogo. É só um filme. Que mal há numa novela? É só uma festa. Você não acha que vou transar com minha namorada só porque ficaremos sozinhos em casa, não é?! Invulneráveis, assim são eles.
Mas o problema é que Sansão caiu. Sim, nosso Juggernaut morreu de maneira dramática. Foi aprisionado e obrigado a trabalhar como escravo depois de ter seu cabelo cortado e seus olhos vazados. Por que então eu deveria crer que posso ser um SuperCristão? Por que deveria pensar que sou forte o bastante para vencer? Será mesmo que alguém é invulnerável?
Querido Juggernaut, sem o capacete (ver Efésios 6:17 e I Tessalonicenses 5:8) não há como estar invulnerável! Sem o capacete da salvação qualquer um pode dominar nossa mente e assim destruir nosso corpo. Assim como Sansão ou o Juggernaut, você pode estar se sentindo hoje invencível e achando que pode fazer tudo sem se contaminar, ir a qualquer lugar sem sofrer influencias assistir de tudo sem que isso molde sua mente ou acessar qualquer coisa sem maiores efeitos sobre sua mente, mas lembre-se Sansão também pensava assim!

Motor Flex?



Desde criança, sempre achei que levava jeito para cientista. Adorava desmontar tudo, ver como funciona e montar novamente (nem sempre dava certo!). Lembro-me bem de algumas broncas por destruir meus brinquedos, mas a verdade é que nunca os destruía, o que acontece é que nem sempre conseguia deixar igualzinho antes. Construí várias coisas também. Não há como esquecer o dia em que desmontei um carrinho de controle remoto (que pela bronca, imagino que não tenha sido tão barato) para colocar o motor em um robozinho de sucata que eu mesmo fiz. A invenção era genial, mas os adultos não pensavam assim. Mas o meu maior prodígio mesmo foi desmontar o motor. A curiosidade foi tanta que desenrolei todo o fio do dínamo para ver como funcionava. Eu tinha sete anos e você já deve saber se consegui ou não refazer o dito motor. Fato é que o motor não funcionou mais e o brinquedo perdeu a graça.

Mais de uma década depois fui ter meu primeiro carro e, apesar de seu  motor não ser elétrico, pensei muitas vezes antes de me atrever a desmontar o motor. Talvez depois de minha aposentadoria eu volte a brincar com motores e tente coisas maiores, no momento preciso dele movendo o carro.
O que não entendo é como o motor (ou a falta de assistência a ele) pode ser o culpado por problemas no funcionamento de outras peças do carro. Afinal, é apenas o MOTOR!
Linguistas associam a etimologia da palavra motivação aos termos motivo e motor. Por definição, então, a motivação é o motor que está dentro de nós e nos move. Tudo o que fazemos é motivado por algo e nem sempre a motivação é condizente com a atitude.
Aos sete anos entendi o básico sobre o dínamo: o carrinho não se moveria sem ele e aos treze descobri no carro do meu pai que não dá pra ir muito longe com o motor fundido (dessa vez a culpa não foi minha). Mas foi bem recentemente que descobri que ninguém vai a lugar algum sem a motivação que nos compele. Descobri também, pela experiência de um amigo, que um carrão sem motor chama bastante atenção, mas não vai muito longe, enquanto que meu Uno 92, apesar de velhinho, ainda tem um motorzão.
Pois é, o motor faz a diferença e não a carroceria. E, no fim das contas, é a qualidade do motor que vai garantir a viagem. Mas nós estamos sempre olhando para o exterior sem pensar no motor.
Um velho profeta descobriu isso já no final de seu ministério. Descobriu não só que estava olhando para o lugar errado, mas que Deus olhava para a força propulsora por trás das atitudes. Ele tinha de ungir o novo rei e foi orientado por Deus a procura-lo na casa de Jessé.
Um a um os potenciais futuros reis entraram na presença do velho Samuel. Ao ver o primeiro, que era também o mais velho, o profeta pensa ter completado sua missão, pois aquele, com certeza, seria o futuro rei. Entretanto, a voz de Deus começa a mostra-lo que a motivação é o mais importante no Céu.  “Eu não tomo decisões como você. Os homens julgam pela aparência exterior, mas Eu examino os pensamentos e as intenções do homem” (I Samuel 16:7, BV).
Samuel – disse Deus – você está olhando apenas para a aparência, eu vejo o coração. Você está vendo apenas as atitudes, eu vejo a motivação por trás delas e é isso o que vale para mim. Séculos mais tarde, o mesmo Deus diria a mesma coisa de uma viúva pobre que fez uma coisa muito pequena motivada por um enorme desejo de agradecer, em contraste com homens que faziam grandes coisas movidos pela mediocridade que a arrogância proporciona. Nas palavras de Jesus “"Aquela viúva pobre deu mais do que todos aqueles ricos juntos!” (Marcos 12:43, BV). Como assim?! Ela deu mais que os outros?! Sim, pois sua motivação era grandiosa, e a dos homens ricos era medíocre.
Parece-me então que a promoção na empresa não é necessariamente algo louvável. Ser o primeiro não quer necessariamente dizer ser o melhor. E ser o melhor também não quer necessariamente dizer ser o melhor. “A aprovação do Mestre não é dada por causa da grandeza da obra realizada, mas em virtude da fidelidade em tudo quanto foi feito. Não é o resultado que atingimos, mas os motivos por que procedemos, que têm valor para com Deus.”  (Obreiros Evangélicos, 267), veja ainda: “Não é pelas riquezas, educação ou posição que Deus avalia os homens. Avalia-os pela sua pureza de intenção e formosura de caráter.” (A Ciência do Bom Viver, 477). Chocante! Deus (ao contrário dos homens) não irá te avaliar por seus resultados ou grandeza da obra realizada, não avalia seus esforços pelas medalhas alcançadas, nem avalia seu sermão pela quantidade de pessoas que levantaram-se, nem mesmo avalia seu blog pelo alcance que ele tem, o Senhor pesa suas motivações e, no fim das contas, é isso o que fará a diferença!
O Clube do Imperador (2002) conta de um pequeno internato onde os alunos recebiam não apenas orientação acadêmica, mas também a prática. A rotina do sábio professor de história grega Sr. Hundert é interrompida pela chegada de Sedgewick Bell, o filho de um influente senador. O jovem Bell vê a vida como um jogo a ser vencido e as pessoas como peças para leva-lo a vitória. Infelizmente, para Sedgewick Bell, ele descobre que nem todos estão à venda. Chamou-me a atenção no filme o fato do adolescente rebelde tornar-se um homem bem sucedido assim como seu pai (exatamente como seu pai!) e oferecer uma festa para reencontrar todos os ex-alunos da St. Benedict's. Por fim, o filho de Bell descobre as reais motivações de seu pai e quão trapaceiro ele era. Para toda a sociedade, um grande homem, mas para seu antigo mestre e agora para seu pequeno filho que sepulta um herói ele era um trapaceiro. O conceito de qual grupo era o mais importante?
Estou certo de que Davi não era mais feio ou fraco que seus irmãos, aliás I Samuel 16:12 nos diz que ele "era um rapaz de bonita aparência, rosto corado, olhos muito vivos." (BV).Isso me leva a pensar que nada o fazia inferior a seus irmãos, mas o seu coração é que o fazia superior a eles, e foi para o coração que o Senhor olhou.
Todos os dias ao tomar pequenas decisões pergunto-me: Por que estou fazendo isso dessa maneira? Fazer coisas boas por motivações errada também está errado. O próprio Jesus em seu brilhante Sermão da Montanha acusou os fariseus de dar esmolas, orar e jejuar. Não havia nada de errado em dar esmolas, o problema estava no servo que era pago para tocar a trombeta chamando a atenção e todos exatamente no momento em que o pomposo fariseu dava a esmola. Jesus incentivou diversas vezes a oração, mas agora estava condenando-a, por quê? Não era mal orar todos os dias no mesmo horário não importa onde estivesse, mas se tornou medíocre o hábito de planejar estar num lugar de relevante movimento exatamente no horário previsto para horar, chamando a atenção de todos. Que mal havia no jejum? O próprio Jesus jejuou por 40 dias! Mas qual a motivação que os levava a vestir-se de falsa piedade, deixando a barba por fazer, o cabelo por pentear e a roupa por lavar? (ver Mateus 6.1-18)
O que te motiva? Qual força te propulsiona a fazer as grandiosas coisas que você tem feito?
Posso desmontar seu motor e ver como funciona por dentro?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Keep Calm?


Tendo em vista que a iminente Guerra traria efeitos desmoralizantes, o Ministério da Informação da Grã-Bretanha cria, em 1939, três cartazes que seriam distribuídos e espalhados por todo país. Este cartaz foi criado e estocado, caso acontecesse o pior e a Alemanha invadisse a Inglaterra, mas esse acontecimento não ocorreu e o governo o destruiu. Impressos em grande escala (apesar da pequena distribuição), “Keep Calm and Carry On” pretendiam mostrar que a coroa real sabia o que estava acontecendo. O povo poderia seguir sua vida normalmente, sem preocupações. Essa contraditória ordem dada numa guerra foi precedida por outros dois cartazes que diziam "Your Courage, Your Cheerfulness, Your Resolution Will Bring Us Victory" ("Sua coragem, sua alegria, sua determinação nos trarão vitória", em tradução livre) e "Freedom is in Peril, defend it with all your might" ("A liberdade está em perigo, defenda-a com toda sua força", em tradução livre).
 
 
Diante da Grande Guerra, a coroa declarava ao povo que não precisava se preocupar. Se bem que os dois primeiros incentivavam o povo a uma ação e mostrava sua responsabilidade como cidadãos. O terceiro parecia dizer que tudo estava bem. “Mantenha a calma e continue o que você está fazendo”, “Continue vivendo a vida” parecem ser as formas mais motivacionais de se entender. Uma Guerra acontecendo e, caso a Alemanha os invadisse, o povo deveria apenas manter a calma e agir como se os nazistas não estivessem lá!
Vendo algumas paródias do cartaz na internet, deparei-me com uma bastante interessante que diz: “Contrary to previous instructions, Now is time to Panic!” Imaginei quão útil teria sido esse cartaz se os alemães de fato invadissem a Grã-Bretanha. Quanto tempo a coroa inglesa sustentaria a declaração de estar no controle? Por quanto tempo conseguiria pregar a paz em meio à invasão inimiga? Seria mesmo possível manter a calma e agir como se nada estivesse acontecendo?
 
Quase que de imediato, lembrei-me de um clássico texto da Bíblia que, falando sobre o fim dos tempos e toda a calm que envolveria o mundo nesses dias, afirma: “Quando o povo estiver dizendo: Vai tudo bem, está tudo calmo, está tudo em paz - então, de repente o desastre virá sobre eles, tão súbito como as dores de parto a uma mulher quando nasce o seu filho. E essa gente não poderá fugir para parte alguma - não haverá lugar onde esconder-se” (I Tessalonicenses 5:3, BV). “Tudo está calmo”, “está tudo em paz”, “keep calm” seriam mais que logos, seria um estilo de vida nos últimos tempos. A sonolência e conforto fariam parte do dia a dia dos enganados.
Não é incomum em nossos dias o alerta da Guerra ser abafado pela calmaria e humor da mídia. Mostrar que tudo está bem e que nossa situação está bacana é especialidade das novelas (que fazem o telespectador olhar para a vida dos outros e esquecer da própria) e dos jornais (que mostram tanta desgraça que você nem percebe quando passa por seu vizinho que não tem o que comer), além da internet que te permite atualizar seu facebook e twitar tudo o que você faz e esquecer-se do Grande Conflito em que está envolvido.
Keep Calm, dizem eles. Ainda está muito longe. A Guerra sequer é uma realidade. Estamos em paz, são os gritos de um povo dormindo que não enxerga as reais dimensões do Conflito. Continue o que você está fazendo, pois está tudo bem.
O autor bíblico então cita Isaias 13 e a imagem da mulher grávida. Lembro-me de ter acompanhado, ainda que de longe, o período de gestação de alguém da minha família. Durante a primeira gestação, o menor sinal de dor já era motivo para correr para o hospital. Muitas vezes ela voltou do hospital, mas com a criança na barriga. Entretanto, na segunda gestação as coisas foram um pouco diferentes. As dores eram mais suportáveis, não eram mais tão alarmantes, por fim o dia chegou e ela estava bem tranquila em casa. O carro que a levou ficou um tanto quanto molhado, pois a bolsa estourou a caminho do hospital. Nunca serei mãe, mas o que tenho aprendido no contato com algumas é que as dores de parto vão aumentando em frequência e intensidade, não importa quantos alarmes falsos vem, no momento certo o bebê sai, esteja você preparada ou não. De acordo com Paulo “De modo nenhum escaparão”, esteja você já na sala de parto ou ainda em sua casa tranquila, quando a bolsa estourar não tem para onde fugir e, a menos que seu marido seja um bom motorista, ele terá de fazer o papel de parteiro.
Por fim, seja na guerra ou no Grande Conflito, fingir que nada está acontecendo te levará à uma séria consequência: você será pego de surpresa. Se você soubesse quando o ladrão viria roubar sua casa ou quando a guerra iria estourar, de fato manteria a calma até o último instante. Curtiria a vida e faria tudo o que quer fazer para, no momento previsto, preparar-se para a Guerra. Mas, na maioria das vezes, não funciona assim para os assaltos, nem para as guerras e muito menos para o Grande Conflito que está sendo travado.
Como o ladrão, Jesus voltará e muitos serão pegos de surpresa. Nós estávamos continuando a vida, alguns poderão afirmar. Triste, pois para esses a vida acabará.
Keep Calm? better not do it.