quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

"fez-se surdo"


Não sei se já é tarde ou se ainda dá tempo, mas gostaria de compartilhar um outro olhar antes do natal, ano novo e até mesmo antes do post comemorativo do fim do mundo [sic!].
Esses dias, fazendo minha leitura do #rpsp, deparei-me com uma atitude bastante rara da parte de Saul assim que foi ungido e aclamado rei e aquilo chocou-me bastante, já havia lido antes, mas aquela curta frase ainda não havia me impactado tanto. Por isso gostaria de compartilhar o que aprendi.
O texto de terça-feira, caso você ainda não esteja acompanhando o #rpsp, foi o de 1 Samuel 10, e o verso que tanto chamou minha atenção foi o último, ou seja, o 27. As palavras quase que saltaram diante de mim ao ler que Saul “se fez como surdo” (ARA). Não sei como a NTLH deixou isso de fora, já que, pelo menos para mim, esse foi o ato mais heroico de Saul ao longo do capítulo.
Você conhece a história. O governo de Israel era administrado em nome e pela autoridade de Deus e de tempos em tempos homens inspirados por Deus eram enviados para instruírem o povo, e guiá-lo na execução das leis. Entretanto, o contato com outros povos levou Israel a pedir um rei. Não mais queriam um governo teocrata, queriam que um rei os governasse, independente das implicações que isso trouxesse.
Deus então atende ao pedido do povo e lhes permite ter um rei, mas faz questão de fazer claras as consequências de um rei no comando. O rei é escolhido. Saul, membro da tribo de Benjamim, um dos menores e mais sem importância clãs de Israel. De maneira bastante peculiar Deus atende o pedido do povo, dá a eles um homem que se destacava (dos ombros pra cima se sobressaia em altura), mas também impressiona em Sua escolha improvável.
Vários líderes do povo já tinham suas preferências. Alguns pensavam em eleger seus próprios candidatos que julgavam ser os melhores, mas Deus declara que o novo rei seria aquele jovem que foi capaz de deixar fugir as jumentas de seu pai e agora estava escondido no meio das bagagens por medo! Que escolha, não?!
Não seria de admirar que, apesar de sua formosura e altura, o novo rei não agradasse a todos e assim o foi. Justamente os mesmos que pediram a Deus um rei estavam agora a reclamar. Enquanto que o restante do povo comemorava em vivas, os chamados filhos de Belial consideravam: “Como pode este homem nos livrar?” e o desprezaram. Ah, e não lhe trouxeram presentes.
Finalmente chegamos ao ponto de minhas considerações. Saul era jovem, estava com medo, escondido no meio das malas, sentia o peso que recairia sobre ele, não teve apoio total, sentiu o desprezo de muitos e ainda não recebeu os presentes dignos de um novo rei daqueles que tanto queriam um rei. Pobre Saul. Lembro-me de situações bastante semelhantes na vida de algumas pessoas bem próximas a mim e quase que consigo rever a tristeza em seus olhos por tais circunstancias. Acabo de me perguntar o que eu faria em tal situação e fiquei num tremendo dilema. Não sei se ficaria muito triste a ponto de renunciar o cargo ou se me cercaria daqueles que me apoiaram para acabar com todos os dissidentes.
Bem, não importa muito o que eu faria já que a história em questão é a de Saul. E o que ele fez? Bem, a NVI, VIVA e outras dizem apenas que ele ficou calado. Mas a ARA destaca um ponto muito mais importante, aliás ponto esse que, como disse, penso ter sido o ato mais heroico de Saul. É-nos dito que o jovem rei “se fez como surdo”. Os filhos de Belial não trouxeram-lhe presentes, mas quem precisa de presentes?! Não gritaram vivas, mas que diferença isso faria? Disseram que ele não seria capaz, então Saul se fez surdo. Lembro-me de todas as vezes na minha infância em que, ao ser provocado por alguém que quisesse me irritar, tapava meus ouvidos com as mãos e ficava cantarolando (como se resolvesse) para não ouvir nada.
Há uma série de lendas, com uma série de animais (já ouvi com tartarugas na corrida, formigas no pote de açúcar...) que ilustram bem essa atitude, mas prefiro usar uma história real e que não desprestigia nenhum animalzinho por sua surdez. Ainda ontem ganhamos uma suculenta jaca (suculenta para quem gosta, claro). Minha esposa amou, pois ela gosta muito de jaca. Fato é que há menos de uma semana tivemos a oportunidade de colher algumas jacas e não o fizemos porque nos disseram: “não está em época de jaca, devem estar duras”. Assim, voltamos para casa e nos contentamos com as mangas colhidas. Nenhum de nós questionou o fato de estar ou não em época de jaca, afinal, se não está não está.
Somente ontem fiquei me perguntando: “de onde ele tirou essa jaca? Não estamos em época de jacas”. Acho que ninguém chegou a tempo de avisar nosso vizinho que não estamos em época de jaca e, por isso, ele trouxe várias delas bem ao ponto.
Acho que eu, a formiga surda, ou tartaruga, que seja, revisamos uma lição bastante interessante compartilhada por Saul. Muitas vezes temos de nos fazer de surdos para as criticas e continuar andando. Muitas vezes temos de deixar de ouvir o que nos dizem e continuar procurando jacas maduras. Ou ainda, temos que continuar reinando apesar dos filhos de Belial. Já dizia Tertuliano que “Eles elogiam o que conhecem e criticam o que ignoram”. De maneira que muitos, “para que se pense que são sábios, criticam até o céu” (Fedro).
Claro, é preciso fazer uma pequena pausa e considerar que nem sempre faz bem fazer-se de surdo. Imagino que, se até hoje estivesse me fazendo de surdo para com as pessoas que me alertaram de que não sirvo para cantar, haveriam bem menos pessoas na igreja hoje, e por culpa de minhas músicas! Há boas criticas e todos sabemos disso. Mas há um detalhe importante na história de Saul – ele estava certo de que Deus o havia chamado para reinar. Se Deus te chamou, para a sua obra realizar, não deves olhar para trás, não tenhas medo tudo preparado está. Se Deus te chamou para tal obra, não atente à voz dos filhos de Belial. Assim como Saul, faça-se de surdo e continue reinando, continue correndo, continue subindo, continue... colhendo jacas.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Esperar é sim saber!


Ah sim, a espera. Não, não somos treinados para esperar. Crescemos aprendendo a fazer a coisa acontecer. Tudo é muito rápido. Os “fat-foods” (sim, troquei fast por fat de propósito!), os instantâneos, o micro-ondas, e até a internet já se tornaram incapazes de acompanhar nosso ritmo acelerado e louco que não espera nada nem ninguém.

Enquanto escrevo esse breve ponto de vista meu e-mail está aberto, atento à qualquer nova correspondência eletrônica (imagine ter de esperar o carteiro!), o facebook me notifica alguma possível atualização e enquanto penso nas melhores palavras aproveito para trabalhar no meu TCC, além é claro de conversar sobre gastronomia com minha esposa. Estaria usando sms se as fronteiras da Tim não me impedissem. Assim é a vida hoje. Não há tempo para fazer uma coisa de cada vez e me pergunto até de onde você está tirando tempo para ler esse post.

Com tamanhas facilidades, tamanha velocidade e um matrix tomando conta do mundo, atrofiamos cada vez mais nossa capacidade de esperar. Não falo apenas de esperar a namorada ideal, o sapo que vai virar príncipe ou o emprego dos sonhos de Deus. Absolutamente! O que me preocupa é que não sabemos mais esperar por NADA! O download que não acaba, a internet que está lenta, o miojo que não fica pronto logo e o fim do mundo que nunca chega são apenas a ponta de um iceberg que não sabe mais como esperar o próximo metrô na plataforma.

Desculpe nobre Chico, mas
Esperar é sim saber
Quem sabe faz a hora
Enquanto espera acontecer

Já dizia Napoleão que "a impaciência é um grande obstáculo para o bom êxito." Sempre que não esperamos perdemos. O contrário da espera, que no português poderia ser o des-espero apenas nos faz sofrer. O menor dos prejuízos de quem não espera é a perda de sua saúde. Pior que a conta do hospital, do psicólogo e do asilo é a perda da família, dos amigos e da cabeça. A gastrite, a úlcera e o câncer não serão nada se comparados à felicidade perdida, à família perdida e à história esquecida. 

O Mestre por excelência aconselhou-nos mais de 2 mil anos atrás: “Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?”, “Será que com todas as preocupações juntas poderão acrescentar um único momento à vida de vocês?” (Mateus 6:27 – NVI e BV respectivamente). Ah, esperar. A espera é o que nos faz crescer, nos ensina a viver e nos mostra como confiar. Não seria quem hoje sou não fosse pelos anos que tive que esperar enquanto me tornava em quem sou. Sim, esperar é sim saber. Claro que a espera nem sempre (eu disse nem sempre) é cruzar os braços e ver a banda passar, nisso concordo com o Chico. Mas a espera é sem dúvida mais que uma oportunidade de ser feliz, a espera é uma escola. Paciência, coragem e fé são sinônimos que dão testemunho aos expectantes de nossa vida.

Esperança e paciência são precedentes para a perseverança que por fim traz a vitória. Desespero e impaciência, entretanto, nos levam a perder mesmo a musica da banda que passa cantando coisas de amor. Constantemente reclamando da banda nos esquecemos que também fazemos parte dela – talvez apenas tocando um pouco mais desafinadamente.

Tenho visto um enorme grupo de jovens cristãos espalhados Brasil a fora declarando ter escolhido esperar. Esses merecem nosso respeito e honra. Sim, esperar é uma escolha difícil, mas que vale à pena.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Black Friday



Foi só em 2010 que a antiga prática norte-americana de usar a quarta sexta-feira de novembro para vender “a rodo” online chegou ao Brasil.

A Black Friday tem suas raízes ligadas ao dia de Ação de Graças e, tanto aqui como no mundo norte-americano, tem a função de fomentar o consumismo desenfreado. Uma sexta-feira negra, mas cheia de brilho e glamour, além é claro de muito dinheiro.

Não importa quanto o produto custava, se é Black Friday pode ter até 80% off. E isso, os compradores adoram, afinal, quem não gosta de pagar menos do que o produto realmente vale? Quem não gosta de uma pechincha?

Lembro-me da primeira “Black Friday” conhecida pela história da humanidade. Era dia de pagamento, mas sem promoção. As contas seriam acertadas e o valor pago, mas o valor era extremamente alto e não havia como barganhar. Creio que nunca houve uma Friday tão Black como aquela, era a sexta mais escura já presenciada pela natureza.

Na vitrine estava a salvação da humanidade. O preço era altíssimo e não tinha desconto. Nada menos do que o valor exigido seria aceito como pagamento. 0%off. Apenas um homem tinha condições de pagar tão alto preço. O valor deveria ser real, aquela compra não poderia ser efetuada online, e, ao contrário dos atuais Black Friday’s, não havia uma infinidade de opções. Na verdade só haviam duas possibilidades: pegar ou largar, sem direito a reclamações ou trocas.

Consigo imaginar o motivo de tantas trevas. A natureza se lembrava de uma outra Friday onde a luz brilhou pela primeira vez para a humanidade. Naquela primeira Friday ouviu-se uma forte voz dizendo: “Terminei!” E agora ouvia-se a mesma voz, dessa vez trêmula, dizendo: “Terminei!” As mais brilhantes estrelas cantavam de alegria naquela primeira Friday, mas dessa vez não havia luz, tudo era densamente black. Mas com luz ou sem ela a negociação deveria ser feita. Antes que se ouvisse o fechamento da compra podemos ver o preço. Aquela cara compra custaria sangue, suor e lágrimas, mas para o Comprador valeria à pena.

“Está muito caro”, alguns diriam. “Não vale à pena”, concluiriam outros. Mas para o comprador, pagar aquele preço era uma missão, missão onde Ele não poderia falhar. Não havia como voltar para casa sem a transição efetuada. Suas vestes entram no pagamento, Ele as dá. Sangue é exigido, Ele dá sem hesitar. Sua dignidade é solicitada, sem pensar Ele entrega. Não importa o que custasse, Ele estaria disposto a pagar.

Por fim, a compra é feita. A única compra daquela Black Friday. Mas ao chegar em casa, Ele constata que veio com defeito. Seu pagamento foi completo, mas a mercadoria estava defeituosa. Ele não perde tempo relendo o contrato, conhecia bem as clausulas, e, mesmo que fosse permitido, Ele não exigiria devolução. Ele estava ciente quando comprou. Sabia que tinha defeito, sabia que era incompleto. Por isso comprou. Comprou a fim de consertar.

Hoje, Ele ainda está consertando. Não porque não tenha experiência ou seja lento para consertar, o que acontece é que constantemente o produto se quebra. Sem reclamar, Ele novamente conserta. Cada conserto é como um recomeço. Cada Friday Ele se lembra daquela perfeita sexta em que criou a mercadoria. Sim, Ele mesmo fez, Ele fabricou, mas perdeu. Com um leve sorriso de canto então Ele se lembra da segunda sexta, aquela da qual até aqui falamos. O dia da grande compra. O melhor negócio que Ele poderia ter feito. Aquela foi a compra perfeita, porque, mesmo que constantemente a mercadoria se quebre e Ele tenha que consertar, é isso o que Ele mais ama.

Pagou o preço não porque precisava de tal mercadoria. Pelo contrário, comprou porque a mercadoria precisava dEle.

Happy Light Friday to you que foi criado numa Friday de luz, se perdeu e então foi novamente comprado naquela Black Friday, sem descontos, sem pechincha e por um valor muito maior do que você imagina!
 

domingo, 11 de novembro de 2012

Credenciais, por favor...




Ainda nessa semana tive uma oportunidade que posso considerar, no mínimo, muito interessante. Há meses eu aguardava e, quando menos esperava, finalmente o dia chegou. Acordei as 3:00hs e fui em direção ao hospital Mandaqui, em São Paulo. Lá deveria fazer uma ressonância magnética.

Não consideraria tal exame interessante não fosse pelas instruções que me foram fornecidas. Fui muito bem atendido em todos os momentos até que finalmente fui chamado pelo nome pela pessoa responsável pelo exame. Ao ser conduzido até a sala onde informações prévias deveriam ser coletadas, sequer me preocupei em saber o nome da pessoa que me atendia. Após preencher alguns formulários e assinar trocentos papéis, fui conduzido até a sala da ressonância pela mesma pessoa, mas ainda sem saber seu nome, formação ou qualquer outra informação mínima.

Daí pra frente os procedimentos foram muito simples. Tudo o que eu precisava fazer era obedecer tudo o que ela me dizia. Diga-se de passagem, as instruções eram bastante objetivas: deite-se, não se mexa, não pisque (isso mesmo, não pisque!) por aproximadamente 25 minutos. Considerando que não suportaria tanto tempo sem piscar, ela sugeriu-me ficar de olhos fechados. Brilhante ideia! Agora estava eu dentro de um tubo gigante, sem poder fazer o menor movimento, com o barulho de uma máquina de lavar velha, betoneiras e furadeiras ao fundo e sem poder ver nada! Cerca de meia hora depois percebo que estou saindo. Recebo uma nova orientação: não se mexa, não abra os olhos, você vai sentir uma picadinha apenas. Ok, eu não podia me mexer, não sabia o que estava acontecendo e alguém que eu sequer sabia o nome, CRM ou qualquer coisa do tipo estava prestes a injetar algo em minha veia e eu sequer sabia o que era aquilo.

No fim das contas eu sobrevivi e a médica (continuo sem saber o nome dela) não me deu nenhum tipo de injeção letal. Mas fiquei pensando em quanta confiança depositei em alguém que nunca havia visto. Pensei então em cada ônibus em que viajei sem verificar a CNH do motorista ou mesmo sem saber o seu nome e em cada prefeito e vereador que não acompanho o dia a dia para saber se está de fato trabalhando. Em cada policial que me parou na estrada e nunca pedi suas credenciais (nunca faça isso também!). Como posso confiar assim em alguém que não conheço ou sequer sei o nome?

Se você está começando a desconfiar que quero aqui fazer uma comparação com a fé que deve ser exercida em Deus, sinto em desapontá-lo mas não é esse o meu objetivo. O que quero na verdade dizer é que isso que levou-me a entrar no tubo, ou no ônibus, ou em qualquer outro lugar nada tem que ver com fé! Talvez, tomando emprestado o termo de um brilhante professor, posso chamar essas atitudes de fideísmo, uma fé cega, emotiva e irracional. E isso nada tem que ver com a relação que Deus espera de nós.

Sempre que vejo, na Bíblia, a relação entre Deus e o homem, encontro sim uma relação de confiança, de fé ardente, mas não de fideísmo ou fé cega. Mesmo o chamado “Pai da Fé” teve sua confiança fundamentada numa relação anterior, num conhecimento profundo dAquele em quem confiava. Fico maravilhado ao ler o relato da promessa de Deus a Abraão. Deus aparece a Abraão e a primeira coisa que o pai da fé faz é questionar a Deus (cf. Genesis 15:2). Que fé hein Abraão?! Sim, a fé de Abraão precisaria de uma base, um fundamento e por isso ele questiona a Deus. YHWH então leva Abraão para fora e dá uma tremenda evidencia de ser Digno de confiança. “Vê todas essas estrela? São muitas não é mesmo? Você é capaz de conta-las? Fui Eu quem fiz todas, será que algo é impossível para Mim?”. A fé de Abraão, diferente da pseudo-fé que exercemos em desconhecidos tinha muito mais que ver com a relação e intimidade que ele aprendeu a desenvolver com Deus.

Diferente do motorista que não apresenta a CNH, do médico que não apresenta o CRM e mesmo do policial que não apresenta a credencial, Deus apresenta de maneira clara Suas credenciais. “Eu Sou” diz Ele, e isso é o bastante! “Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.” (3ME, 162). Sim! Os poderosos feitos de Deus na história da humanidade e na minha história são mais do que bastante para fortalecer minha fé nEle. Eu O conheço, por isso confio nEle.

Deus não é o médico anônimo que te pede para fechar os olhos durante todo o procedimento. Deus é o Deus que te leva até Sua sala e mostra todos os Seus “diplomas”, que te leva para fora e apresenta tudo o que já fez no passado. O Deus que responde suas mais céticas dúvidas e te dá a certeza de que Ele existe e de que é capaz de cumprir o que está prometendo. Fé cega? Não, não é necessário. Me explico: há muito mais do que boas razões para crer nEle e confiar que cumprirá o que promete. Assim a fé não está fundamentada no nada, mas no passado. Então posso questionar a Deus? Bem, Abraão questionou e Deus o respondeu!

Não terei a oportunidade de voltar ao Mandaqui para pedir os dados e a CRM de quem me atendeu, nem mesmo de perguntar o seu nome, tudo o que fiz foi “confiar” cegamente, se é que isso é possível, mas Deus nos oferece muito mais do que isso. Ele permite que confiemos nEle como confiamos no pai, na mãe, no melhor amigo. E por que confiamos nessas pessoas? Simplesmente porque alguém disse que poderíamos confiar? Simplesmente pelo título que eles recebem? (Conheço pessoas que não confiam nos pais, apesar de chama-los de pai e mãe). Deus quer que saibamos Seu nome, que O conheçamos e, por conhece-lO, confiemos nEle. Ainda quando eu e Ele formos muito amigos, a confiança não será cega, pois sempre estará baseada em nosso relacionamento e passado. E essa experiência será muito mais proveitosa do que entrar num tubo de olhos fechados e nunca saber o que aconteceu lá dentro.

A fé? Depois dos questionamentos e das evidências dadas, então “creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça” (Genesis 15:6).

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Acredite, eu sei algo que você não sabe!

Ao programar um evento, um questionamento chamou-me atenção. Gosto de perguntas, gosto de fazê-las e gosto também de responde-las. Questionamentos nos levam a confrontos e confrontos nos levam ao crescimento e maturidade. Por isso sempre as faço.
A questão era: como saberemos se Deus quer que nós vamos? Como saberemos se é mesmo da vontade dEle?
Normalmente tendemos a avaliar de acordo com os resultados e aparências humanas. Se tudo está dando certo e tudo vai bem, então essa é a vontade de Deus. Se passo a passo tudo está se encaixando e cada peça do quebra-cabeças se monta perfeitamente, então Deus está no controle. Avaliamos pensando naquilo que é tangível.
Se a família de fulano é feliz, se prospera nos negócios, se seu trabalho é conduzido com louvor, se a grade da faculdade bate sem problemas e nunca pega uma DP, então Deus com certeza está com tal fulano. Por outro lado, se a família está em crise, a filha mais nova morreu e perdeu o emprego, então algo está errado na vida de fulano e ele precisa fazer as pazes com Deus. Assim, pensamos, assim avaliamos e assim vivemos.
Chocou-me pensar que, talvez, essa não seja a ótica correta de ver as coisas. Tudo vai bem no emprego e isso quer dizer que Deus está conduzindo? É possível, mas e se tudo ir bem for fruto de mentiras? Deus está te abençoando por isso você tem as melhores notas. Será mesmo? Quer dizer que aquele colega que não tirou 10 ora menos do que você? Não sei se afirmaria isso!
Jó era um homem bem-sucedido. Que vida maravilhosa e fantástica! Rico, muitos filhos, muitos empregados, muitos amigos. Sem dúvidas Deus o estava abençoando. Entretanto (digo como quem não conhece a história), algo aconteceu. Por algum motivo Deus parou de abençoa-lo e ele perdeu tudo. Poxa vida Jó, porque você abandonou Deus? O que você fez de errado para chegar a esse ponto? Jó, acho que você precisa orar mais. Você está longe de Deus.
A pergunta feita ontem me intrigou exatamente por isso. Como fracos humanos pensamos: bem, se a comissão organizadora apoiar, se não chover e se todos pagarem a tempo, quer dizer que Deus está conduzindo e guiando. Mas, se algo der errado, então dizemos meneando a cabeça: pois é, não era da vontade de Deus.
Não quero de maneira alguma dizer que Deus não nos dá sinais claros e não fala de maneiras naturais. Longe de mim tal coisa. Mas me pergunto: é só isso? Dá tudo certo e então era a vontade de Deus? Aqueles que, por algum motivo perderam o voo e tiveram a vida poupada são SuperCristãos e os que morreram no avião estavam orando e jejuando pouco? Pobre Jó, deveria confessar algum pecado que ficou oculto. Deveria orar mais e fazer jejuns mais frequentemente.
Mas não é isso que vejo na continuação da história. Pelo contrário, Jó era um homem temente a Deus e que se desviava do mal. Orava por seus filhos e fazia a vontade de Deus mesmo quando tudo e todos (inclusive a esposa) estavam contra ele. Ele estava orando um bocado e jejuando outro tanto, além de adorar a Deus apesar das dúvidas e, apesar disso nem tudo estava dando certo.
Já consegui as devidas autorizações, consegui pagar o seguro, todos toparam. Isso quer necessariamente dizer que Deus está aprovando? Absolutamente! Lembro-me de outras vezes em que nada disso dava certo, mas Deus estava conduzindo e, de alguma forma, deu certo no final. Lembro-me também de alguma outras em que tudo dava certo e aquela não era a vontade de Deus.
Ah, mas Deus não te traria tão longe se essa não fosse a vontade dEle para sua vida. Será que não? Será que é Ele mesmo quem está te guiando?
Quantas vezes olhamos as coisas pelo prisma errado! Como daltônicos olhamos para as cores e elas parecem perfeitamente claras para nós, mas na verdade aquelas não são as cores verdadeiras. Quantas vezes olhamos para a vida cinzenta de alguém com olhos de piedade daquele coitado sofredor e, na verdade, ele estava vivendo a vida em seu melhor matiz porque estava confiante em Deus?
Lembro-me de meu primeiro quebra-cabeças. Ele tinha 500 peças e eu apenas 1% em idade. Minha irmã ganhou um também de 500 peças, mas com um pequeno diferencial: o dela tinha um guia. Um papel que servia de apoio, onde você ia encaixando as peças no lugar certo, consciente do que seria montado. O meu não tinha isso. Precisava ser montado quase que sem saber onde ia cada peça. Assim parecia que nada nunca ia dar certo.
Da mesma maneira a vida parece-nos. Hoje lemos a história do bom e velho Jó, conhecido por sua paciência (se bem que destacaria também outras características), depois de montado o quebra-cabeças. Como uma criança que avança para a última parte do gibi e descobre o fim para então voltar e ler todo o texto, sem importar-se com as aparentes derrotas de seu herói, nós lemos a história de Jó e os leitores mais expressivos e incontidos quase que vibram enquanto leem: continue Jó, não ligue para eles. Eu sei algo que você não sabe! Fique firme. Entretanto, ninguém disse a Jó que no fim tudo ia dar certo.
Porque então em nossa vida fazemos o contrário? Fixamos nossos olhos no aqui e agora e tudo o que vemos são desgraças e terror. Se avançássemos para o fim da história e voltássemos a rele-la enquanto vivemos, sempre que feridos diríamos: fique firme, eu sei algo que você não sabe. Se tivéssemos o molde para colocar o quebra-cabeças em cima diríamos: você está no caminho, continue. Mas não temos, e assim ficamos olhando para nossa vida como os amigos de Jó. E o que é pior, ficamos olhando para a vida dos Jós modernos e fazemos o papel dos amigos dele, acusando-o de que se ele não passou no vestibular é porque tem orado pouco.
Estou aberto para novas perguntas e confrontos, mas desconfio de que ainda não tenho a melhor resposta para a pergunta inicial. Como saber se é essa a vontade de Deus? O que posso dizer é que, o fato de nem tudo estar dando certo não quer necessariamente dizer que isso é uma aberta e clara desaprovação divina. Me arrisco também a dizer que parte da solução para essa intrigante questão é perguntar a Deus o que Ele acha. Isso mesmo, não apenas o que a comissão, amigos e cônjuge acham (muito embora na abundância de conselhos haja sabedoria), mas primeiro e durante todo o processo pergunte o que Deus acha. Foi isso o que Jó fez. Apesar de se defender, não ficou questionando os amigos: ”ah, será mesmo que é por isso?” Não. Ele foi direto a Deus, o fabricante do quebra-cabeças, o cartunista dos quadrinhos, o autor da história e perguntou diretamente a Ele.
Que tal colocar novos óculos, deixar de ver a vida tão cinza e despertar o olhar para o colorido matiz que Deus te dá? Que tal elaborar novos meios de descobrir a vontade de Deus através de uma intima amizade com Ele? Que tal confiar quando nem tudo vai tão bem e não acusar outros de estar desempregados por falta das 40 madrugadas?
Tenho buscado olhar dessa forma e acabei de encaixar mais uma pecinha do quebra-cabeças. Ainda não sei bem o que vai dar no final, mas acredito que todas vão se encaixar. Mas se não se encaixarem não tem problema, eu sei algo que você não sabe!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Despedidas - uma reflexão

Ano após ano a história tem se repetido.
O que de inicio era estranho já quase se tornou rotina. O tempo passa, as amizades se formam, o dia chega e a partida é certa.
A primeira despedida de que tenho lembrança foi em minha infância. Meus avós vieram de longe para nos visitar e passar alguns dias conosco. Cada dia era uma festa, afinal avós são avós! Presentes, agrados e histórias faziam parte do nosso dia a dia com os pais de nossos pais. Fantástico era acordar e saber que teria alguém com quem brincar e ir dormir ouvindo histórias fantásticas que não deviam ter fim.
Mas o tempo passou e o dia chegou. Em minha inocente infantilidade eu não entendi muito bem, mas sabia que algo estava acontecendo de incomum. As malas estavam feitas no corredor e meus pais não foram trabalhar. Sem dúvidas, algo estava errado.  Naquele dia ganhei bola, ganhei brinquedo, ouvi história. Mas nada diminuiu a dor da despedida e a que viria depois.
Depois dessa vieram outras. Alguns “até logo” e uns poucos “adeus”. Mas não me acostumo com elas. É fato, não consigo chorar, mas dói. Despedidas e despedidas. Acampamentos que acabam, amigos que se mudam e irmãos que perdem a vida, cada um uma história, mas o sentimento é o mesmo – falta algo!
Há muito, muito tempo houve também uma despedida. Uma triste despedida que parecia antecipada. O dia estava chegando e Ele já sabia disso, para evitar maiores sofrimentos Ele insistiu em falar sobre isso. Ah, as despedidas, como elas doem.
“Eu vou ficar com vocês por mais um tempo” – Ele começa – “Mas daqui mais um tempo não estarei mais com vocês”. Imagino o choque. Uma amizade, admiração e companheirismo de tão poucos anos, mas tão intensa, estava por terminar?
Sim, Eu vou partir. Eu vou partir, se eu não partir o Outro não pode vir, Eu preciso partir. Desapontados os 12 ficaram ao ouvir tão tristes palavras. Como pode? Por quê? Precisa? Como assim? O que faremos sem Ele? Quantas dúvidas sem respostas e quantas expectativas frustradas. “Nós tínhamos tantos planos...” Mas o dia chegou e a despedida era certa.
Quando me despedi de meus avós, com apenas quatro anos, não entendia de fato o que estava acontecendo. Não há dor na despedida em si (ás vezes até inclui presentes), mas há muita dor no que vem depois. Entendi o que de fato é uma despedida quando me despedi de meu irmão. O que veio depois foi a angústia – não o verei mais, nunca mais...
Os 12 devem ter ficado muito assustados e deprimidos com a notícia, e o Mestre então os diz: “Não fiquem tristes, podem confiar em Mim. Eu estou indo, mas é para preparar um lugar para vocês. E depois que eu for e tudo estiver pronto, eu vou voltar pra buscar vocês”. Que alivio! A despedida chegou, mas não para sempre. “Eu voltarei!”, disse Ele. “Eu vou buscar vocês pra ficar com vocês para sempre!”
Já há 5 anos que não vejo meus avós e outros 6 que não vejo meu irmão, mas a certeza de que os verei novamente existe. Os meus avós, ainda esse ano, meu irmão só Deus sabe o dia – mas o verei e isso vale.
Hoje, sempre que me despeço de alguém prefiro dizer até logo e não adeus. Despedidas doem, mas trazem um gostinho doce de saber que o reencontro acontecerá. Cristo se despediu, mas dizendo “até logo” e “Eu voltarei”. Saudades, sim dói muito, mas trazem também a vontade e a certeza do reencontro.
Então, até logo!

domingo, 7 de outubro de 2012

Decisões


Aqui no Brasil hoje foi dia de eleições. Muito embora poucos concordem, é-nos dito que nesse dia escolhemos o futuro de nossa nação. Ao redor do Brasil, cidadãos escolheram, por exemplo, entre Batman, Geraldo Woverine,  John Lenon, Lady Gaga, Thor, Tufão, Silvio Santos, Neymar, Pelé Problema, Fred Filé, Barata Obama e (acredite) Zeca Diabo!

Por mais difícil, representativa e importante que seja a escolha, essa é apenas uma das muitas que fazemos ao longo de toda nossa vida. Que roupa usar, aonde ir, o que comer, que curso fazer são apenas parte do cardápio de escolhas que fazemos todos os dias. Algumas escolhas são simples, outras bastante complicadas, algumas exigem mais pensamento, outras precisam ser tomadas de imediato e outras ainda, jamais faremos, mas todas são importantes.

É bem verdade também que nem todas as decisões parecem ter tão grande impacto quanto em quem votar ou a cruel dúvida “me caso ou compro uma bicicleta?”! Mas as aparentemente sem valor, pequenas, de fácil decisão e ainda mais fácil postergação podem trazer tão desastrosos efeitos como as anteriormente citadas.

Sim, as decisões. Decisões que nos motivam, nos tiram o sono, nos consomem. Decisões que consideramos e também as que ignoramos. São elas que moldam nossa vida, que definem o nosso rumo. Decisões que merecem atenção e dedicação. Pequenas ou grandes, todas impactantes.

Há alguns milhares de anos, uma importante decisão precisou ser tomada. Não era apenas uma bicicleta a ser comprada, não era apenas o futuro da nação que estava em jogo. Aquela decisão teria implicações universais e milenares. O futuro da humanidade estava em jogo. Humanidade que ainda não existia, a não ser no coração do Criador. A importante decisão tomada definiria mesmo a existência de meus nobres leitores. A melhor decisão então foi tomada, a liberdade seria conservada e a eleição confirmada!

Hoje, você também não está apenas definindo seus representantes. Sem que você perceba, todos os dias e em todos os momentos, você está escolhendo e escolhendo, decidindo e decidindo, elegendo e elegendo. Ao amanhecer você elege seu companheiro, decide quem te acompanhará durante o dia. Nos pequenos momentos e nas pequenas coisas você se posiciona e mostra a que partido pertence.

Ah, as decisões! Nós fazemos as decisões e então elas nos fazem. Talvez enquanto você lê esse texto, uma decisão pode estar sendo tomada em relação a seus filhos, carentes de atenção paterna. Se, de fato “somos a soma das nossas decisões", é possível que alguns cliques estejam fazendo o que você é. Talvez a escolha de calar ou falar possa estar decidindo seu relacionamento. Ah, as decisões! Sim, elas nos fazem.

Decisões que envolvem alternativas, muitas ou poucas, mas alternativas. Decisões como a dos conhecidos índios Lenape, que, em 1626, venderam seu território ao holandês Peter Minuit por produtos que hoje seriam avaliados em US$24. Ah, o seu território? O antigo território dos índios Lenape hoje é conhecido como ilhas Manhattan – diga-se de passagem, o mais importante centro financeiro do mundo. Uma insignificante decisão? Não creio.

Decisões como a de uma mulher que, diante de uma infinidade de frutos para se alimentar, escolhe o único proibido. Ou de um homem que, por amor a sua mulher, vende seu território por tão pouco! Apenas uma decisão. Decisões como a de alguém, que por pouco dinheiro vende seu “amigo” e sequer teve oportunidade de usar o dinheiro. Decisões como a de Alguém, que decide abrir mão de Seu status, se faz Pequeno e salva a nação perdida.

Ah, as decisões! Nem sempre são fáceis, nem sempre as melhores, mas sempre as tomamos.

Muito mais poderia ser dito sobre decisões, mas não posso dar meu ponto de vista sem dizer o que Ele pensa. Muito foi dito sobre decisões, de diversas maneiras e em muitos momentos. Entre Suas mais fantásticas afirmações sobre decisões ouvimos: “Hoje vocês precisam escolher! Decidam entre a vida e a morte, o bem e o mal, a benção e a maldição. Ah, quer o Meu conselho? Escolha a vida para que vivas” (Deuteronômio 30.15,19)

E você? Já escolheu?

domingo, 30 de setembro de 2012

Facebook


Não sei exatamente qual a intenção do jovem Mark ao batizar sua rede social de Facebook. Diferente do Sr. Orkut, ele não quis chamar seu aplicativo de Zuckerberg. Não o culpo por isso!
Assim, desde sua criação, a rede tem atraído usuários a cada dia. Fico impressionado ao encontrar amigas contemporâneas de minha avó usando o Facebook e ainda mais espantado ao descobrir uma amiguinha que ainda nem sabe teclar enviando-me o convite para ser minha amiga virtual. Imediatamente pensei: O que ela vai postar? Quem irá curtir? Quão longa será sua timeline? Outras inquietações me vem quando ouço pessoas curtindo tudo. Ok, não me espanto mais que postem: “acabou o papel higienico, alguém traz pra mim?!”, mas o assustador é ver todos curtindo.
Olhando por um outro olhar, acho que consigo enxergar pelo menos dois grupos de usuários da rede. Não quero falar dos que usam mal a rede, então me deterei a esses dois grupos. Mark que me perdoe, mas tomarei a liberdade de chamá-los de FaceReaders e FaceWriters. Os primeiros tem uma tremenda facilidade em ler toda a página. Leem tudo de todos. Sabem tudo de todos. São pessoas de poucas palavras, mas que conseguem passar horas olhando e reolhando os perfis e postagens alheias. Leitores atentos das linhas e entrelinhas que estão atentos a todos os posts (e talvez tenham chego aqui dessa maneira!). Já o segundo grupo de users não tem tanta paciência. Pelo menos não para ficar revendo o que outros postaram. Esses tem verdadeiras maquinas nos dedos. Digitam 500 palavras por minuto enquanto tomam banho! Não faz muito, enquanto esperava o trem, vi uma moça assim. Todos os passageiros olhavam para ela não por sua aparência, mas pela agilidade em teclar em seu celular! Os FaceWriters, tendo muito ou pouco conteúdo cefálico em uso são capazes de encher o histórico de todos os seus amigos.
FaceReaders ou FaceWriters, todos temos uma timeline sendo escrita todos os dias. É bem verdade que nessa rede a maioria das publicações não é compartilhada em público, somente você pode ver! Não postamos tudo o que estamos pensando, mas cada passo é registrado na linha do tempo. Existe de fato um Book onde tudo está sendo registrado. Há registro do que você compartilha, do que você curte e até dos chats em off. Ali há mais do que imagens, vídeos e questões, ali está registrado o seu verdadeiro status. No histórico desse Book estão registradas ainda as solicitações de amizade aceitas e as recusadas (cf. Salmo 1) e as notificações que você recebeu.
Esse Book proverá informações para um outro, com muito mais faces, todas registradas. A Bíblia chama esse book apenas de The Books (Apocalipse 20:12a). Nesse livro tudo o que você curtiu, compartilhou, postou ou pensou está registrado. Além desse Apocalipse (20:12b) fala também de um outro, o Life’s Book ou o Livro da Vida. Ao abrirem-se esses livro, todos serão julgados. Não haverá livros fechados, todos serão abertos e os usuários serão julgados. Ao fazer login, o Juiz terá acesso a todos os perfis e pensamentos. “What’s on your mind?” fará sentido como nunca antes!
Ah, lembre-se, em consulta ao seu book não será visto apenas os Highlights ou aquilo que está em destaque, mas cada post, cada “no que você está pensando?”, tudo na sua timeline será considerado, quer seja bom quer seja mal, e até aquilo que estiver em oculto (ver Eclesiastes 12:13-14). Ali constará se você não é um usuário de muitas faces.
Mas você não precisa ficar com medo. Ao falar sobre os livros, Jesus disse que motivo de maior alegria do que pisar serpentes e escorpiões é ter o nome escrito “in the book” (Cf. Lucas 10:19-20). O problema então não é ter uma conta, um perfil no Livro. Na verdade todos têm.  Não é problema o fato de todos terem de to face o Juiz, o problema pode sim estar no que ali foi escrito e compartilhado.
Ainda hoje, você tem a chance de criar uma nova conta. Ter os posts apagados e receber uma timeline em branco. Um amigo me disse que se você excluir sua conta e recuperá-la, todas as informações estarão ali de novo, sem perda de informações. Mas você tem a oportunidade de recomeçar deixando para trás todos os dados. Você pode hoje fazer login com sua nova senha e descobrir que tudo o que até compartilhou, poluindo seu book, foi apagado e daqui pra frente pode compartilhar desse maravilhoso amor que te formatou.

Quando o Book for aberto e sua Face descoberta, que sentença será publicada?

Conserto o Concerto


Gosto muito de música (de música de verdade!) e sempre fiquei fascinado ao ver orquestras, bandas, corais e grupos interpretarem com tamanha harmonia.
Mas confesso que ver um grande coro não acontece todos os dias. Cerca de 500 cantores (80 crianças) e uns 50 instrumentistas juntos fazendo a mesma música. Que lindo, que fantástico! 500 vozes e 50 instrumentos unidos interpretando a mesma musica com harmonia sem igual.
Claro que essa harmonia não surgiu do acaso. Mesmo o bumbo, com seu “big boom” não é capaz de levar todos à beleza e perfeição que elevam nossas mentes. Como não é sempre que posso ouvir o grande coro se apresentar (e não é sempre que ele se apresenta também) decidimos chegar mais cedo e ouvir também o ensaio. Que desastre! Não sei se havia dois instrumentistas tocando a mesma coisa, mas acho que não. Cada um ia numa direção. Cada um tocava sua predileção enquanto o maestro corria atrás dos últimos detalhes antes da apresentação. A essa altura do ensaio eu já estava preocupado. Tudo o que conheço de regência são os binários, ternários e quaternários, e todo esse conhecimento não serviria com uma orquestra e banda (sim, juntos) desarmoniosa como aquela!
Felizmente, eu não era o regente! O regente tinha um pouco mais de 1,50m, mas isso não queria dizer nada. No meio da bagunça, enquanto cada um fazia uma coisa, aquele pequeno homem de cabelos brancos vai até o centro quase que de maneira imperceptível, pega a batuta e quando a levanta as 500 vozes se calam, os 50 instrumentos silenciam, todos atentos ao mover da ferramenta do regente.
O que veio em seguida foi toda a harmonia celestial que estava descrevendo no inicio de meu texto. Foi fantástico! Corais, grupos e conjuntos unidos, orquestra e banda tocando juntos, todos atentos aos movimentos do regente.
Quando vi o ensaio pensei: será que tem conserto pra todos esses desentoados? Mas agora eu mal conseguia pensar, pois o concerto estava maravilhoso. Que diferença fez naquela apresentação os ora enfáticos, ora suaves movimentos do regente. Um grupo sem harmonia se transformou num grande coro. A bagunça se transforma em paz. O barulho se torna música. Não há como descrever a obra do maestro.
Tenho ouvido muitos ensaios no dia a dia. Pequenas e grandes bandas que não conseguem encontrar um ponto em comum. Instrumentistas e músicos que não conseguem cantar a mesma musica no mesmo tom. O barulho de vidas que não tem direção nem sabem para onde querem ir. É triste ouvir esses ensaios. Os instrumentistas parecem saber tocar, os músicos parecem saber cantar, mas nada dá certo. Parece que falta algo na grande banda da vida.
São sinos que tocam com força, são ouvidas por todos, mas não tem harmonia. Violinos que tocam com classe, mas sem direção. O único piano, mal é ouvido em meio a tanto barulho. Sim, falta algo! Falta Alguém! Claro, o Maestro. Quando chega o Maestro, por vezes sem ser notado, o som muda, a música começa a acontecer, o concerto é consertado, a harmonia acontece e a melodia se torna clara.  Ao mover da batuta do Mestre, em movimentos ora mais enfáticos, ora mais suaves, a musica da vida vai tomando forma e se tornando bela. A bagunça vai embora.
“Sem Mim” – diz o Maestro – “vocês não podem fazer nada” (João 15:5, BV). Sem Mim, não há harmonia, sem Mim tudo vira bagunça, sem Mim ninguém entende nada. Mas COMIGO, sim COMIGO regendo sua vida se torna linda. Sua vida se torna bela e apreciada por todos.

Que tal deixa-lo reger sua canção?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

In God We Trust


Foi em 13 de novembro de 1861, quando a nova moeda americana estava para ser “reformatada” que o Rev. M.R. Watson enviou uma carta ao então secretário do tesouro com o seguinte apelo:
“Prezado Senhor,
Estás prestes a apresentar o seu relatório anual ao Congresso a respeito dos assuntos das finanças nacionais. Um fato tocante a nossa moeda até agora tem sido seriamente negligenciado. Quero dizer, o reconhecimento do Deus Todo-Poderoso, de alguma forma em nossas moedas” (tradução livre).
Assim o reverendo demonstrava sua preocupação em ter eternizado na moeda americana o nome de Deus. Um absurdo pedido, mas que seria atendido. Em 20 de novembro de 1861, ele tipou na moeda: “No nation can be strong except in the strength of God.” (Nenhuma nação pode ser forte a não ser pela força de Deus – tradução livre). Depois de vários ajustes, em 1864 o famoso In God We Trust aparece na moeda americana.
Não quero aqui discutir a união Igreja-Estado, mas a minha pergunta é: Nós AINDA confiamos em Deus? AINDA cremos que não há como ser forte sem a força de Deus. Talvez você não use o dólar e sim o real, que diz “Deus seja louvado” que traz a mesma ideia de lembrar-se do Criador e não se apoiar no dinheiro. Mas, de fato, nós AINDA cremos em Deus? A despeito de qualquer outra coisa, nós confiamos no Senhor?
Três jovens hebreus passaram por uma forte prova que dizia respeito especialmente quanto a sua adoração, mas também quanto a sua confiança em Deus. Por ordem do rei deveriam, ao som da música, adorar a estátua de ouro. Eles eram a minoria em uma terra estranha. Seu sangue nobre não contava muito ali, pois eram estrangeiros. Todas as circunstancias eram contrárias a seus princípios, mas eles AINDA criam em Deus!
A musica foi tocada, mas eles não entraram na dança. Com medo, muitos obedeceram ao rei, mas eles AINDA criam em Deus e não poderiam fazer o que lhes era pedido. Finalmente, foram levados ao rei e depois de receber a tentadora oportunidade de voltar atrás, declararam: “Pois, se o nosso Deus, a quem adoramos, quiser, Ele poderá nos salvar da fornalha e nos livrar do seu poder, ó rei. E mesmo que o nosso Deus não nos salve, o senhor pode ficar sabendo que não prestaremos culto ao seu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou fazer.” (Daniel 3.17-18, NTLH). Aconteça o que acontecer, disseram eles, em Deus nós confiamos. É verdade, sua confiança não estava apenas tipada numa moeda, mas esculpida em seus corações. Eles não confiavam no dinheiro, na posição, no status ou no poder do rei, mas no SENHOR que iria (ou não) livrá-los.
Aqueles jovens poderiam dizer “pois conheço Aquele em quem confio e tenho certeza de que Ele é capaz de guardar em segurança tudo quanto eu Lhe dei até o dia da sua volta” (2 Timóteo 1:12, BV). Os três amigos mostravam que, mesmo em terra estranha, no meio de um povo que não os conhecia, em circunstâncias desesperadoras, eles AINDA criam em Deus!
Isso é fantástico! Deus seria por eles adorado em suas transações comerciais, não seria por eles desapontado nas relações sociais, nem mesmo as mais duras provas poderiam tirar sua fé, pois eles não criam em algo ou alguém de personalidade duvidável, mas In God He Trust!
Mas e eu? Eu AINDA confio em Deus? AINDA é nEle que tenho depositado minha confiança, meus medos e sonhos? Será que não estou eu depositando minha confiança no dinheiro, nos amigos, nos contatos, na força bélica de meu país, na estabilidade que me envolve, na educação que tenho recebido? Se uma nação não pode ser forte a não ser pela força de Deus, como eu poderia?

In God We Trust! Or Do We?

Cristão Juggernaut


Nasci muito tarde para saber se a Marvel criou algo de realmente útil para as crianças. Assim, as poucas imagens que me restaram dos chamados “Heróis” tem mais que ver com mutantes que lutam para manter a audiência das crianças e juvenis do que para salvar o mundo.
Entre esses, estava um conhecido por poucos, o Juggernaut. Juggernaut ou o Fanático (uma tentativa aportuguesada de facilitar as coisas, sem se importar com a estética) era o meio irmão de Charles Xavier dos X-Men. Seu poder, diferente dos demais mutantes, não provinha de mutações, mas de algum tipo de magia roubada de um cristal. Era absolutamente invulnerável! Nenhum outro herói poderia derrotá-lo pela força. Um verdadeiro Juggernaut. Não importa que poderes o seu herói favorito tivesse, não seria capaz de vencer o Fanático.
Mas como acho que um vilão que sempre vence perderia a graça e diminuiria a audiência, a Marvel presenteou Juggernaut com uma única fraqueza. Nem o mais forte poderia derrotá-lo. Nem todo o grupo de X-Men juntos poderia vencê-lo. Sua força era invencível, mas sua mente poderia ser controlada. Bastante vantajoso para Charles Xavier, seu meio irmão que tinha poderes telepáticos! Claro, isso se o Fanático estivesse sem seu capacete que impedia o controle mental.
Conheço alguns cristãos assim! Jovens que conseguem ir em qualquer lugar sem ser influenciados pelo meio. Políticos bem sucedidos que são invulneráveis à corrupção. Homens de negócio que não aceitam propina nem presentes em troca de sua dignidade. Acho que posso chamá-los de SuperCristãos. Não faz muito tempo conheci um que entrava em sites de relacionamento adultos para alertar outros de que ali não era seu lugar. Ouvi de um que dizia ser capaz até de acessar conteúdos pornográficos sem ser levado à tentação e um outro que adquiriu o hábito de “pregar o Evangelho” em prostibulo!
Com todo respeito e admiração por esses, não sei se é muito vantajoso tornar-se um Juggernaut espiritual. Lembro-me de um herói da Bíblia que por pouco não se perdeu, por ser forte demais. Sansão, o Juggernaut. Esse era forte, mais que um leão. Invulnerável. Estava constantemente entre os inimigos filisteus, mas não se contaminava com eles. Poderia andar tranquilamente por qualquer lugar sem ser negativamente influenciado por seus moradores e costumes. Aliás, era tão forte que poderia até mesmo se casar com uma prostituta sem se contaminar com ela!
Sansão, o Juggernaut de Israel era um nazireu. Desde seu nascimento foi dedicado a Deus. Nunca deveria cortar o cabelo nem tomar bebidas fortes. Um anjo anunciou seu nascimento. Sim, Sansão era muito importante. Não só importante, mas também muito forte! Uma queixada de jumento era tudo o que ele precisava para matar mil homens. Por diversão ele amarrou raposas de duas em duas pelos rabos e colocou fogo nos rabos. Na pressa ele entrou na cidade levando consigo o pesado portão nas costas. Nada poderia vencer Sansão! Muitos tentaram matá-lo, mas sem sucesso. Afinal esse era Sansão, o invencível.
Mas, apesar de não ser um herói Marvel, Sansão também tinha sim uma fraqueza, tinha também seu calcanhar de Aquiles. Sansão nunca deveria revelar seu segredo, não poderia cortar o cabelo, sua mente não deveria ser subjugada a ninguém a não ser a Deus. Ah, o controle da mente! Dalila aprenderia como usar contra Sansão essa arte diabólica. O invencível e invulnerável herói estava por descobrir sua grande fraqueza!
SuperCristãos são levados facilmente à confiança em si mesmos. Por que me preocupar? Eu sempre venci essa tentação. Afinal é apenas um jogo. É só um filme. Que mal há numa novela? É só uma festa. Você não acha que vou transar com minha namorada só porque ficaremos sozinhos em casa, não é?! Invulneráveis, assim são eles.
Mas o problema é que Sansão caiu. Sim, nosso Juggernaut morreu de maneira dramática. Foi aprisionado e obrigado a trabalhar como escravo depois de ter seu cabelo cortado e seus olhos vazados. Por que então eu deveria crer que posso ser um SuperCristão? Por que deveria pensar que sou forte o bastante para vencer? Será mesmo que alguém é invulnerável?
Querido Juggernaut, sem o capacete (ver Efésios 6:17 e I Tessalonicenses 5:8) não há como estar invulnerável! Sem o capacete da salvação qualquer um pode dominar nossa mente e assim destruir nosso corpo. Assim como Sansão ou o Juggernaut, você pode estar se sentindo hoje invencível e achando que pode fazer tudo sem se contaminar, ir a qualquer lugar sem sofrer influencias assistir de tudo sem que isso molde sua mente ou acessar qualquer coisa sem maiores efeitos sobre sua mente, mas lembre-se Sansão também pensava assim!

Motor Flex?



Desde criança, sempre achei que levava jeito para cientista. Adorava desmontar tudo, ver como funciona e montar novamente (nem sempre dava certo!). Lembro-me bem de algumas broncas por destruir meus brinquedos, mas a verdade é que nunca os destruía, o que acontece é que nem sempre conseguia deixar igualzinho antes. Construí várias coisas também. Não há como esquecer o dia em que desmontei um carrinho de controle remoto (que pela bronca, imagino que não tenha sido tão barato) para colocar o motor em um robozinho de sucata que eu mesmo fiz. A invenção era genial, mas os adultos não pensavam assim. Mas o meu maior prodígio mesmo foi desmontar o motor. A curiosidade foi tanta que desenrolei todo o fio do dínamo para ver como funcionava. Eu tinha sete anos e você já deve saber se consegui ou não refazer o dito motor. Fato é que o motor não funcionou mais e o brinquedo perdeu a graça.

Mais de uma década depois fui ter meu primeiro carro e, apesar de seu  motor não ser elétrico, pensei muitas vezes antes de me atrever a desmontar o motor. Talvez depois de minha aposentadoria eu volte a brincar com motores e tente coisas maiores, no momento preciso dele movendo o carro.
O que não entendo é como o motor (ou a falta de assistência a ele) pode ser o culpado por problemas no funcionamento de outras peças do carro. Afinal, é apenas o MOTOR!
Linguistas associam a etimologia da palavra motivação aos termos motivo e motor. Por definição, então, a motivação é o motor que está dentro de nós e nos move. Tudo o que fazemos é motivado por algo e nem sempre a motivação é condizente com a atitude.
Aos sete anos entendi o básico sobre o dínamo: o carrinho não se moveria sem ele e aos treze descobri no carro do meu pai que não dá pra ir muito longe com o motor fundido (dessa vez a culpa não foi minha). Mas foi bem recentemente que descobri que ninguém vai a lugar algum sem a motivação que nos compele. Descobri também, pela experiência de um amigo, que um carrão sem motor chama bastante atenção, mas não vai muito longe, enquanto que meu Uno 92, apesar de velhinho, ainda tem um motorzão.
Pois é, o motor faz a diferença e não a carroceria. E, no fim das contas, é a qualidade do motor que vai garantir a viagem. Mas nós estamos sempre olhando para o exterior sem pensar no motor.
Um velho profeta descobriu isso já no final de seu ministério. Descobriu não só que estava olhando para o lugar errado, mas que Deus olhava para a força propulsora por trás das atitudes. Ele tinha de ungir o novo rei e foi orientado por Deus a procura-lo na casa de Jessé.
Um a um os potenciais futuros reis entraram na presença do velho Samuel. Ao ver o primeiro, que era também o mais velho, o profeta pensa ter completado sua missão, pois aquele, com certeza, seria o futuro rei. Entretanto, a voz de Deus começa a mostra-lo que a motivação é o mais importante no Céu.  “Eu não tomo decisões como você. Os homens julgam pela aparência exterior, mas Eu examino os pensamentos e as intenções do homem” (I Samuel 16:7, BV).
Samuel – disse Deus – você está olhando apenas para a aparência, eu vejo o coração. Você está vendo apenas as atitudes, eu vejo a motivação por trás delas e é isso o que vale para mim. Séculos mais tarde, o mesmo Deus diria a mesma coisa de uma viúva pobre que fez uma coisa muito pequena motivada por um enorme desejo de agradecer, em contraste com homens que faziam grandes coisas movidos pela mediocridade que a arrogância proporciona. Nas palavras de Jesus “"Aquela viúva pobre deu mais do que todos aqueles ricos juntos!” (Marcos 12:43, BV). Como assim?! Ela deu mais que os outros?! Sim, pois sua motivação era grandiosa, e a dos homens ricos era medíocre.
Parece-me então que a promoção na empresa não é necessariamente algo louvável. Ser o primeiro não quer necessariamente dizer ser o melhor. E ser o melhor também não quer necessariamente dizer ser o melhor. “A aprovação do Mestre não é dada por causa da grandeza da obra realizada, mas em virtude da fidelidade em tudo quanto foi feito. Não é o resultado que atingimos, mas os motivos por que procedemos, que têm valor para com Deus.”  (Obreiros Evangélicos, 267), veja ainda: “Não é pelas riquezas, educação ou posição que Deus avalia os homens. Avalia-os pela sua pureza de intenção e formosura de caráter.” (A Ciência do Bom Viver, 477). Chocante! Deus (ao contrário dos homens) não irá te avaliar por seus resultados ou grandeza da obra realizada, não avalia seus esforços pelas medalhas alcançadas, nem avalia seu sermão pela quantidade de pessoas que levantaram-se, nem mesmo avalia seu blog pelo alcance que ele tem, o Senhor pesa suas motivações e, no fim das contas, é isso o que fará a diferença!
O Clube do Imperador (2002) conta de um pequeno internato onde os alunos recebiam não apenas orientação acadêmica, mas também a prática. A rotina do sábio professor de história grega Sr. Hundert é interrompida pela chegada de Sedgewick Bell, o filho de um influente senador. O jovem Bell vê a vida como um jogo a ser vencido e as pessoas como peças para leva-lo a vitória. Infelizmente, para Sedgewick Bell, ele descobre que nem todos estão à venda. Chamou-me a atenção no filme o fato do adolescente rebelde tornar-se um homem bem sucedido assim como seu pai (exatamente como seu pai!) e oferecer uma festa para reencontrar todos os ex-alunos da St. Benedict's. Por fim, o filho de Bell descobre as reais motivações de seu pai e quão trapaceiro ele era. Para toda a sociedade, um grande homem, mas para seu antigo mestre e agora para seu pequeno filho que sepulta um herói ele era um trapaceiro. O conceito de qual grupo era o mais importante?
Estou certo de que Davi não era mais feio ou fraco que seus irmãos, aliás I Samuel 16:12 nos diz que ele "era um rapaz de bonita aparência, rosto corado, olhos muito vivos." (BV).Isso me leva a pensar que nada o fazia inferior a seus irmãos, mas o seu coração é que o fazia superior a eles, e foi para o coração que o Senhor olhou.
Todos os dias ao tomar pequenas decisões pergunto-me: Por que estou fazendo isso dessa maneira? Fazer coisas boas por motivações errada também está errado. O próprio Jesus em seu brilhante Sermão da Montanha acusou os fariseus de dar esmolas, orar e jejuar. Não havia nada de errado em dar esmolas, o problema estava no servo que era pago para tocar a trombeta chamando a atenção e todos exatamente no momento em que o pomposo fariseu dava a esmola. Jesus incentivou diversas vezes a oração, mas agora estava condenando-a, por quê? Não era mal orar todos os dias no mesmo horário não importa onde estivesse, mas se tornou medíocre o hábito de planejar estar num lugar de relevante movimento exatamente no horário previsto para horar, chamando a atenção de todos. Que mal havia no jejum? O próprio Jesus jejuou por 40 dias! Mas qual a motivação que os levava a vestir-se de falsa piedade, deixando a barba por fazer, o cabelo por pentear e a roupa por lavar? (ver Mateus 6.1-18)
O que te motiva? Qual força te propulsiona a fazer as grandiosas coisas que você tem feito?
Posso desmontar seu motor e ver como funciona por dentro?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Keep Calm?


Tendo em vista que a iminente Guerra traria efeitos desmoralizantes, o Ministério da Informação da Grã-Bretanha cria, em 1939, três cartazes que seriam distribuídos e espalhados por todo país. Este cartaz foi criado e estocado, caso acontecesse o pior e a Alemanha invadisse a Inglaterra, mas esse acontecimento não ocorreu e o governo o destruiu. Impressos em grande escala (apesar da pequena distribuição), “Keep Calm and Carry On” pretendiam mostrar que a coroa real sabia o que estava acontecendo. O povo poderia seguir sua vida normalmente, sem preocupações. Essa contraditória ordem dada numa guerra foi precedida por outros dois cartazes que diziam "Your Courage, Your Cheerfulness, Your Resolution Will Bring Us Victory" ("Sua coragem, sua alegria, sua determinação nos trarão vitória", em tradução livre) e "Freedom is in Peril, defend it with all your might" ("A liberdade está em perigo, defenda-a com toda sua força", em tradução livre).
 
 
Diante da Grande Guerra, a coroa declarava ao povo que não precisava se preocupar. Se bem que os dois primeiros incentivavam o povo a uma ação e mostrava sua responsabilidade como cidadãos. O terceiro parecia dizer que tudo estava bem. “Mantenha a calma e continue o que você está fazendo”, “Continue vivendo a vida” parecem ser as formas mais motivacionais de se entender. Uma Guerra acontecendo e, caso a Alemanha os invadisse, o povo deveria apenas manter a calma e agir como se os nazistas não estivessem lá!
Vendo algumas paródias do cartaz na internet, deparei-me com uma bastante interessante que diz: “Contrary to previous instructions, Now is time to Panic!” Imaginei quão útil teria sido esse cartaz se os alemães de fato invadissem a Grã-Bretanha. Quanto tempo a coroa inglesa sustentaria a declaração de estar no controle? Por quanto tempo conseguiria pregar a paz em meio à invasão inimiga? Seria mesmo possível manter a calma e agir como se nada estivesse acontecendo?
 
Quase que de imediato, lembrei-me de um clássico texto da Bíblia que, falando sobre o fim dos tempos e toda a calm que envolveria o mundo nesses dias, afirma: “Quando o povo estiver dizendo: Vai tudo bem, está tudo calmo, está tudo em paz - então, de repente o desastre virá sobre eles, tão súbito como as dores de parto a uma mulher quando nasce o seu filho. E essa gente não poderá fugir para parte alguma - não haverá lugar onde esconder-se” (I Tessalonicenses 5:3, BV). “Tudo está calmo”, “está tudo em paz”, “keep calm” seriam mais que logos, seria um estilo de vida nos últimos tempos. A sonolência e conforto fariam parte do dia a dia dos enganados.
Não é incomum em nossos dias o alerta da Guerra ser abafado pela calmaria e humor da mídia. Mostrar que tudo está bem e que nossa situação está bacana é especialidade das novelas (que fazem o telespectador olhar para a vida dos outros e esquecer da própria) e dos jornais (que mostram tanta desgraça que você nem percebe quando passa por seu vizinho que não tem o que comer), além da internet que te permite atualizar seu facebook e twitar tudo o que você faz e esquecer-se do Grande Conflito em que está envolvido.
Keep Calm, dizem eles. Ainda está muito longe. A Guerra sequer é uma realidade. Estamos em paz, são os gritos de um povo dormindo que não enxerga as reais dimensões do Conflito. Continue o que você está fazendo, pois está tudo bem.
O autor bíblico então cita Isaias 13 e a imagem da mulher grávida. Lembro-me de ter acompanhado, ainda que de longe, o período de gestação de alguém da minha família. Durante a primeira gestação, o menor sinal de dor já era motivo para correr para o hospital. Muitas vezes ela voltou do hospital, mas com a criança na barriga. Entretanto, na segunda gestação as coisas foram um pouco diferentes. As dores eram mais suportáveis, não eram mais tão alarmantes, por fim o dia chegou e ela estava bem tranquila em casa. O carro que a levou ficou um tanto quanto molhado, pois a bolsa estourou a caminho do hospital. Nunca serei mãe, mas o que tenho aprendido no contato com algumas é que as dores de parto vão aumentando em frequência e intensidade, não importa quantos alarmes falsos vem, no momento certo o bebê sai, esteja você preparada ou não. De acordo com Paulo “De modo nenhum escaparão”, esteja você já na sala de parto ou ainda em sua casa tranquila, quando a bolsa estourar não tem para onde fugir e, a menos que seu marido seja um bom motorista, ele terá de fazer o papel de parteiro.
Por fim, seja na guerra ou no Grande Conflito, fingir que nada está acontecendo te levará à uma séria consequência: você será pego de surpresa. Se você soubesse quando o ladrão viria roubar sua casa ou quando a guerra iria estourar, de fato manteria a calma até o último instante. Curtiria a vida e faria tudo o que quer fazer para, no momento previsto, preparar-se para a Guerra. Mas, na maioria das vezes, não funciona assim para os assaltos, nem para as guerras e muito menos para o Grande Conflito que está sendo travado.
Como o ladrão, Jesus voltará e muitos serão pegos de surpresa. Nós estávamos continuando a vida, alguns poderão afirmar. Triste, pois para esses a vida acabará.
Keep Calm? better not do it.
 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Quando tudo dá errado

O pneu do carro furou, o ônibus quebrou, sua carona atrasou, o namoro acabou ou sua sogra chegou...
O tempo todo reclamamos de coisas, algumas delas que poderiam ser evitadas, outras imprevisiveis e inivitáveis.
Você com certeza já teve um - ou todos - dias assim. Dias em que pareceu que nem deveria ter acordado, dias que mereciam ser apagados.
A Bíblia fala de muitas pessoas que tiveram dias - ou vidas - assim.
José teve dias bem dificeis, quando tudo deu errado.
Depois de conquistar o desgosto e ódio de seus irmãos por compartilhar seus sonhos para o futuro, seu pai o envia para trazer "uma má fama deles a seu pai" (Gn. 37.2 - RC).
José foi onde seu pai mandou, mas seus irmãos não estavam lá. Perdido e sem saber mais por onde procurar, José encontrou alguém que o encaminhou até o novo destino de seus irmãos.
Antes que chegasse a eles, José foi visto e o ódio aumentou. Seus irmãos decidiram matá-lo, Rúben achou melhor não matá-lo - só deixar que ele morra no poço. Por fim decidiram lucrar com a situação e o venderam para uma caravana de ismaelitas - afinal, "ele é nosso irmão, nossa carne" (Gn 37.27)
Agora ia José, odiado e escravo, tendo diante de si apenas o traseiro do animal que o puxava para um lugar distante e desconhecido.
"De um filho ternamente acalentado para o escravo desprezado e desamparado! Só e sem amigos, qual seria sua sorte na terra estranha a que ele ia? Por algum tempo, José entregou-se a uma dor e pesar incontidos." (Patriarcas e Profetas, 213)
No mesmo dia José teve de andar mais do que planejou, não encontrou seus irmãos onde esperava, foi lançado num poço e vendido como escravo. Alguma semalhança?! Seus dias têm sido assim?
José não tinha twitter nem facebook, mas imagino que muito se passou na mente dele. Se tivesse postado poderia ser algo como "hoje tudo deu errado" ou "Porquê Senhor?!".
Mas quando tudo falhou, José experimentou Jesus. "seus pensamentos volveram para o Deus de seu pai... Ali mesmo se entregou então completamente ao Senhor, e orou para que o Guarda de Israel estivesse com ele na terra do exílio." (PP,213-214)
Quando tudo dá errado, somos convidados a experimentar Jesus. Quando parece que tudo falha, podemos ter esperança. Nada deu certo? Tente de novo.
Situações fogem ao nosso controle, gritar e espernear não vai resolver. A única e melhor saída é provar o repouso e paz que Jesus oferece, confiar que Ele está ao nosso lado mesmo nos momentos dificeis... Esperar, mesmo contra a esperança.
Você conhece o final dessa história. José se tornou governador e salvou o mundo.
Mas você ainda não conhece o fim da sua história. Não sabe como as situações frustrantes podem se transformar em bênçãos. Na verdade, talvez você nunca saiba. Dificilmente você vai ser governador de algum lugar. É possível que você morra sem receber a recompensa. Mas esteja certo de que algo maior está reservado para você.
Quando tudo falha, tenha a certeza de que "Podemos nos alegrar, igualmente, quando nos encontramos diante de problemas e lutas pois sabemos que tudo isso é bom para nós - ajuda-nos a aprender a ser pacientes. E a paciência desenvolve em nós a força de caráter, e nos ajuda a confiar mais em Deus cada vez que a utilizamos, até que finalmente nossa esperança e a nossa fé fiquem fortes e sólidas. Então, quando isso acontecer, poderemos sempre erguer a nossa cabeça, seja lá o que for que aconteça, e saber que tudo vai bem, pois conheceremos quanto Deus nos ama" (Romanos 5.3-5 - A Bíblia Viva)