Foi só em 2010 que a antiga prática norte-americana de usar a quarta sexta-feira de novembro para vender “a rodo” online chegou ao Brasil.
A Black Friday tem suas raízes ligadas ao dia de Ação de
Graças e, tanto aqui como no mundo norte-americano, tem a função de fomentar o
consumismo desenfreado. Uma sexta-feira negra, mas cheia de brilho e glamour,
além é claro de muito dinheiro.
Não importa quanto o produto custava, se é Black Friday pode
ter até 80% off. E isso, os compradores adoram, afinal, quem não gosta de pagar
menos do que o produto realmente vale? Quem não gosta de uma pechincha?
Lembro-me da primeira “Black Friday” conhecida pela história
da humanidade. Era dia de pagamento, mas sem promoção. As contas seriam
acertadas e o valor pago, mas o valor era extremamente alto e não havia como
barganhar. Creio que nunca houve uma Friday
tão Black como aquela, era a sexta
mais escura já presenciada pela natureza.
Na vitrine estava a salvação da humanidade. O preço era altíssimo
e não tinha desconto. Nada menos do que o valor exigido seria aceito como
pagamento. 0%off. Apenas um homem tinha condições de pagar tão alto preço. O
valor deveria ser real, aquela compra não poderia ser efetuada online, e, ao
contrário dos atuais Black Friday’s, não havia uma infinidade de opções. Na
verdade só haviam duas possibilidades: pegar ou largar, sem direito a
reclamações ou trocas.
Consigo imaginar o motivo de tantas trevas. A natureza se
lembrava de uma outra Friday onde a luz brilhou pela primeira vez para a
humanidade. Naquela primeira Friday ouviu-se uma forte voz dizendo: “Terminei!”
E agora ouvia-se a mesma voz, dessa vez trêmula, dizendo: “Terminei!” As mais
brilhantes estrelas cantavam de alegria naquela primeira Friday, mas dessa vez
não havia luz, tudo era densamente black. Mas com luz ou sem ela a negociação
deveria ser feita. Antes que se ouvisse o fechamento da compra podemos ver o
preço. Aquela cara compra custaria sangue, suor e lágrimas, mas para o
Comprador valeria à pena.
“Está muito caro”, alguns diriam. “Não vale à pena”,
concluiriam outros. Mas para o comprador, pagar aquele preço era uma missão,
missão onde Ele não poderia falhar. Não havia como voltar para casa sem a
transição efetuada. Suas vestes entram no pagamento, Ele as dá. Sangue é
exigido, Ele dá sem hesitar. Sua dignidade é solicitada, sem pensar Ele
entrega. Não importa o que custasse, Ele estaria disposto a pagar.
Por fim, a compra é feita. A única compra daquela Black
Friday. Mas ao chegar em casa, Ele constata que veio com defeito. Seu pagamento
foi completo, mas a mercadoria estava defeituosa. Ele não perde tempo relendo o
contrato, conhecia bem as clausulas, e, mesmo que fosse permitido, Ele não
exigiria devolução. Ele estava ciente quando comprou. Sabia que tinha defeito,
sabia que era incompleto. Por isso comprou. Comprou a fim de consertar.
Hoje, Ele ainda está consertando. Não porque não tenha experiência
ou seja lento para consertar, o que acontece é que constantemente o produto se
quebra. Sem reclamar, Ele novamente conserta. Cada conserto é como um recomeço.
Cada Friday Ele se lembra daquela perfeita sexta em que criou a mercadoria.
Sim, Ele mesmo fez, Ele fabricou, mas perdeu. Com um leve sorriso de canto
então Ele se lembra da segunda sexta, aquela da qual até aqui falamos. O dia da
grande compra. O melhor negócio que Ele poderia ter feito. Aquela foi a compra
perfeita, porque, mesmo que constantemente a mercadoria se quebre e Ele tenha
que consertar, é isso o que Ele mais ama.
Pagou o preço não porque precisava de tal mercadoria. Pelo
contrário, comprou porque a mercadoria precisava dEle.
Happy Light Friday to you que foi criado numa Friday de luz,
se perdeu e então foi novamente comprado naquela Black Friday, sem descontos,
sem pechincha e por um valor muito maior do que você imagina!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu ponto de vista...