Tendo em vista que a iminente Guerra traria efeitos
desmoralizantes, o Ministério da Informação da Grã-Bretanha cria, em 1939, três
cartazes que seriam distribuídos e espalhados por todo país. Este cartaz foi
criado e estocado, caso acontecesse o pior e a Alemanha invadisse a Inglaterra,
mas esse acontecimento não ocorreu e o governo o destruiu. Impressos em grande
escala (apesar da pequena distribuição), “Keep
Calm and Carry On” pretendiam mostrar que a coroa real sabia o que estava
acontecendo. O povo poderia seguir sua vida normalmente, sem preocupações. Essa
contraditória ordem dada numa guerra foi precedida por outros dois cartazes que
diziam "Your Courage, Your
Cheerfulness, Your Resolution Will Bring Us Victory" ("Sua
coragem, sua alegria, sua determinação nos trarão vitória", em tradução
livre) e "Freedom is in Peril,
defend it with all your might" ("A liberdade está em perigo,
defenda-a com toda sua força", em tradução livre).
Diante da Grande Guerra, a coroa declarava ao povo que não
precisava se preocupar. Se bem que os dois primeiros incentivavam o povo a uma
ação e mostrava sua responsabilidade como cidadãos. O terceiro parecia dizer
que tudo estava bem. “Mantenha a calma e continue o que você está fazendo”, “Continue
vivendo a vida” parecem ser as formas mais motivacionais de se entender. Uma
Guerra acontecendo e, caso a Alemanha os invadisse, o povo deveria apenas
manter a calma e agir como se os nazistas não estivessem lá!
Vendo algumas paródias do cartaz na internet, deparei-me com
uma bastante interessante que diz: “Contrary
to previous instructions, Now is time to Panic!” Imaginei quão útil teria
sido esse cartaz se os alemães de fato invadissem a Grã-Bretanha. Quanto tempo
a coroa inglesa sustentaria a declaração de estar no controle? Por quanto tempo
conseguiria pregar a paz em meio à invasão inimiga? Seria mesmo possível manter
a calma e agir como se nada estivesse acontecendo?
Quase que de imediato, lembrei-me de um clássico texto da Bíblia
que, falando sobre o fim dos tempos e toda a calm que envolveria o mundo nesses dias, afirma: “Quando o povo estiver dizendo: ‘Vai tudo bem, está tudo calmo, está tudo em paz’ - então, de repente o desastre virá sobre eles, tão
súbito como as dores de parto a uma mulher quando nasce o seu filho. E essa
gente não poderá fugir para parte alguma - não haverá lugar onde esconder-se”
(I Tessalonicenses 5:3, BV). “Tudo está calmo”, “está tudo em paz”, “keep calm”
seriam mais que logos, seria um estilo de vida nos últimos tempos. A sonolência
e conforto fariam parte do dia a dia dos enganados.
Não é incomum em nossos dias o alerta da Guerra ser abafado
pela calmaria e humor da mídia. Mostrar que tudo está bem e que nossa situação
está bacana é especialidade das
novelas (que fazem o telespectador olhar para a vida dos outros e esquecer da
própria) e dos jornais (que mostram tanta desgraça que você nem percebe quando
passa por seu vizinho que não tem o que comer), além da internet que te permite
atualizar seu facebook e twitar tudo o que você faz e esquecer-se do Grande
Conflito em que está envolvido.
Keep Calm, dizem
eles. Ainda está muito longe. A Guerra sequer é uma realidade. Estamos em paz,
são os gritos de um povo dormindo que não enxerga as reais dimensões do
Conflito. Continue o que você está fazendo, pois está tudo bem.
O autor bíblico então cita Isaias 13 e a imagem da mulher
grávida. Lembro-me de ter acompanhado, ainda que de longe, o período de
gestação de alguém da minha família. Durante a primeira gestação, o menor sinal
de dor já era motivo para correr para o hospital. Muitas vezes ela voltou do
hospital, mas com a criança na barriga. Entretanto, na segunda gestação as
coisas foram um pouco diferentes. As dores eram mais suportáveis, não eram mais
tão alarmantes, por fim o dia chegou e ela estava bem tranquila em casa. O
carro que a levou ficou um tanto quanto molhado, pois a bolsa estourou a
caminho do hospital. Nunca serei mãe, mas o que tenho aprendido no contato com
algumas é que as dores de parto vão aumentando em frequência e intensidade, não
importa quantos alarmes falsos vem, no momento certo o bebê sai, esteja você
preparada ou não. De acordo com Paulo “De modo nenhum escaparão”, esteja você
já na sala de parto ou ainda em sua casa tranquila, quando a bolsa estourar não
tem para onde fugir e, a menos que seu marido seja um bom motorista, ele terá
de fazer o papel de parteiro.
Por fim, seja na guerra ou no Grande Conflito, fingir que
nada está acontecendo te levará à uma séria consequência: você será pego de
surpresa. Se você soubesse quando o ladrão viria roubar sua casa ou quando a
guerra iria estourar, de fato manteria a calma até o último instante. Curtiria
a vida e faria tudo o que quer fazer para, no momento previsto, preparar-se
para a Guerra. Mas, na maioria das vezes, não funciona assim para os assaltos,
nem para as guerras e muito menos para o Grande Conflito que está sendo
travado.
Como o ladrão, Jesus voltará e muitos serão pegos de
surpresa. Nós estávamos continuando a vida, alguns poderão afirmar. Triste,
pois para esses a vida acabará.
Keep Calm? better not do it.
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