quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Keep Calm?


Tendo em vista que a iminente Guerra traria efeitos desmoralizantes, o Ministério da Informação da Grã-Bretanha cria, em 1939, três cartazes que seriam distribuídos e espalhados por todo país. Este cartaz foi criado e estocado, caso acontecesse o pior e a Alemanha invadisse a Inglaterra, mas esse acontecimento não ocorreu e o governo o destruiu. Impressos em grande escala (apesar da pequena distribuição), “Keep Calm and Carry On” pretendiam mostrar que a coroa real sabia o que estava acontecendo. O povo poderia seguir sua vida normalmente, sem preocupações. Essa contraditória ordem dada numa guerra foi precedida por outros dois cartazes que diziam "Your Courage, Your Cheerfulness, Your Resolution Will Bring Us Victory" ("Sua coragem, sua alegria, sua determinação nos trarão vitória", em tradução livre) e "Freedom is in Peril, defend it with all your might" ("A liberdade está em perigo, defenda-a com toda sua força", em tradução livre).
 
 
Diante da Grande Guerra, a coroa declarava ao povo que não precisava se preocupar. Se bem que os dois primeiros incentivavam o povo a uma ação e mostrava sua responsabilidade como cidadãos. O terceiro parecia dizer que tudo estava bem. “Mantenha a calma e continue o que você está fazendo”, “Continue vivendo a vida” parecem ser as formas mais motivacionais de se entender. Uma Guerra acontecendo e, caso a Alemanha os invadisse, o povo deveria apenas manter a calma e agir como se os nazistas não estivessem lá!
Vendo algumas paródias do cartaz na internet, deparei-me com uma bastante interessante que diz: “Contrary to previous instructions, Now is time to Panic!” Imaginei quão útil teria sido esse cartaz se os alemães de fato invadissem a Grã-Bretanha. Quanto tempo a coroa inglesa sustentaria a declaração de estar no controle? Por quanto tempo conseguiria pregar a paz em meio à invasão inimiga? Seria mesmo possível manter a calma e agir como se nada estivesse acontecendo?
 
Quase que de imediato, lembrei-me de um clássico texto da Bíblia que, falando sobre o fim dos tempos e toda a calm que envolveria o mundo nesses dias, afirma: “Quando o povo estiver dizendo: Vai tudo bem, está tudo calmo, está tudo em paz - então, de repente o desastre virá sobre eles, tão súbito como as dores de parto a uma mulher quando nasce o seu filho. E essa gente não poderá fugir para parte alguma - não haverá lugar onde esconder-se” (I Tessalonicenses 5:3, BV). “Tudo está calmo”, “está tudo em paz”, “keep calm” seriam mais que logos, seria um estilo de vida nos últimos tempos. A sonolência e conforto fariam parte do dia a dia dos enganados.
Não é incomum em nossos dias o alerta da Guerra ser abafado pela calmaria e humor da mídia. Mostrar que tudo está bem e que nossa situação está bacana é especialidade das novelas (que fazem o telespectador olhar para a vida dos outros e esquecer da própria) e dos jornais (que mostram tanta desgraça que você nem percebe quando passa por seu vizinho que não tem o que comer), além da internet que te permite atualizar seu facebook e twitar tudo o que você faz e esquecer-se do Grande Conflito em que está envolvido.
Keep Calm, dizem eles. Ainda está muito longe. A Guerra sequer é uma realidade. Estamos em paz, são os gritos de um povo dormindo que não enxerga as reais dimensões do Conflito. Continue o que você está fazendo, pois está tudo bem.
O autor bíblico então cita Isaias 13 e a imagem da mulher grávida. Lembro-me de ter acompanhado, ainda que de longe, o período de gestação de alguém da minha família. Durante a primeira gestação, o menor sinal de dor já era motivo para correr para o hospital. Muitas vezes ela voltou do hospital, mas com a criança na barriga. Entretanto, na segunda gestação as coisas foram um pouco diferentes. As dores eram mais suportáveis, não eram mais tão alarmantes, por fim o dia chegou e ela estava bem tranquila em casa. O carro que a levou ficou um tanto quanto molhado, pois a bolsa estourou a caminho do hospital. Nunca serei mãe, mas o que tenho aprendido no contato com algumas é que as dores de parto vão aumentando em frequência e intensidade, não importa quantos alarmes falsos vem, no momento certo o bebê sai, esteja você preparada ou não. De acordo com Paulo “De modo nenhum escaparão”, esteja você já na sala de parto ou ainda em sua casa tranquila, quando a bolsa estourar não tem para onde fugir e, a menos que seu marido seja um bom motorista, ele terá de fazer o papel de parteiro.
Por fim, seja na guerra ou no Grande Conflito, fingir que nada está acontecendo te levará à uma séria consequência: você será pego de surpresa. Se você soubesse quando o ladrão viria roubar sua casa ou quando a guerra iria estourar, de fato manteria a calma até o último instante. Curtiria a vida e faria tudo o que quer fazer para, no momento previsto, preparar-se para a Guerra. Mas, na maioria das vezes, não funciona assim para os assaltos, nem para as guerras e muito menos para o Grande Conflito que está sendo travado.
Como o ladrão, Jesus voltará e muitos serão pegos de surpresa. Nós estávamos continuando a vida, alguns poderão afirmar. Triste, pois para esses a vida acabará.
Keep Calm? better not do it.
 

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